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Recent Submissions
- O currículo move-se: um olhar político sobre o currículo no ensino básico portuguêsPublication . Duarte, PedroComo tem sido reconhecido em múltiplos trabalhos (Mouraz & Cosme, 2021; Pacheco & Maia, 2021; Roldão & Almeida, 2018), nomeadamente em estudos internacionais (Bolívar, 2019), o contexto contemporâneo português é hoje uma realidade educativo-política dinâmica, marcada por mudanças que se fazem sentir em diferentes níveis de deliberação curricular. Com efeito, com as alterações iniciadas em 2017 e generalizadas em 2018, o Ensino Básico português encontra-se num período de particular dinamismo curricular, cruzando influências provenientes das decisões JOURNAL OF SUPRANATIONAL POLICIES OF EDUCATION, ISSN 2340-6720 46 normativas, dos discursos político-pedagógicos mais amplos e das vivências educativas concretas experienciadas em cada realidade escolar. Contudo, à semelhança do que defende Giroux (2023), a ausência de historicidade na discussão e estudo incorre inevitavelmente num enfraquecimento analítico, pois é incapaz de atentar nos pressupostos ideológico-políticos que alicerçam e enquadram as opções concretas. Explicando por outras palavras, uma discussão que desconsidere a dimensão histórica conduzirá a um trabalho incapaz de reconhecer aos fundamentos - de dimensões políticas e ideológicas - que suportam, moldam e guiam as mudanças educativas que se almejam. Necessitamos, por conseguinte, de privilegiar uma reflexão mais ampla, que não se circunscreva a uma análise superficial de cada momento, mas que atente no modo como as influências internacionais, os documentos jurídico-normativos, os discursos políticos e os sistemas educativos se movimentam. Na senda do apresentado, este artigo procura, acima de tudo, problematizar a concretude da realidade educativa portuguesa - em particular o Ensino Básico nacional - a partir das mudanças políticas vivenciadas neste século XXI. Para tal, privilegiar-se-á uma hermenêutica dialógica que considera as tendências internacionais no âmbito educativo, o contexto político, os documentos jurídico-normativos de referência com incidência nas opções curriculares, os documentos curriculares de âmbito nacional, em particular aqueles que se orientam para decisões transversais e para a educação cidadã das crianças.
- História ausente é História esquecida? - análise do currículo oficial para o Ensino Básico portuguêsPublication . Moreira, Ana Isabel; Duarte, PedroEste trabalho tem como principal foco de análise o currículo oficial português relacionado com a componente de História, para o Ensino Básico, em particular as ausências que aí mais sobressaem. Estas podem relacionar-se com os conhecimentos substantivos que se apartam da abordagem preconizada por variadas razões (passados incómodos? temas difíceis? grupos não poderosos? …) ou com as competências de pensamento histórico (multiperspetiva, significância, causalidade, empatia, …) que parecem ter sido esquecidas quando se estruturou certo percurso de aprendizagem para estudantes com idades entre os 6 e os 15 anos. Como considerações maiores, constata-se, naqueles textos curriculares (denominado Aprendizagens Essenciais), uma aparente simplificação genérica da narrativa histórica que se conta aos mais jovens cidadãos do mundo atual. A inevitável seleção de determinados saberes em detrimento de outros, na verdade, contribui, acima de tudo, para o escamotear de uma literacia histórica que podia, e devia, alcançar outros níveis. O processo de ensino (e de aprendizagem) da História, desde o começo da escolaridade obrigatória, tem de orientar-se no sentido de uma formação cidadã, esclarecida, democrática, intertemporal. As inexistências no que concerne aos conteúdos considerados ou ao raciocínio potenciado, por sua vez, somente comprometem aquele desígnio.
- Colaboração entre estudantes e docentes no Ensino Superior: a atividade do GATA na comunidade educativa da ESE-P.Porto.Publication . Coelho, Carina; Duarte, Pedro; Araújo, Maria JoséO Grupo de Apoio ao Trabalho Académico (GATA) da Escola Superior de Educação do P. Porto tem como principal objetivo criar condições de socialização, que permitam aos estudantes desenvolver as suas competências académicas (e profissionais), numa estreita relação com colegas e docentes. Neste texto, divulgamos algumas das iniciativas promovidas pelo grupo, enfatizando a sua importância para a comunidade educativa em que se considera fundamental a abordagem colaborativa inspirada na investigação-ação participativa. Uma abordagem que privilegia os quotidianos de vida, os percursos sociais, educativos e culturais dos estudantes, como possibilidade de implicação nas diferentes atividades de grupo no contexto onde realizam a sua formação. Na esteira de John Dewey, esta abordagem ajuda a criar uma estrutura que promove experiências de aprendizagem mais robustas e significativas, por reconhecer os percursos dos estudantes como fundamentais para a valorização das suas competências académicas. Assumimos que os processos de formação pessoal e profissional necessitam de se estabelecer como dinâmicas que incentivam a curiosidade dos estudantes, que promovem competências de análise da realidade e que reconhecem a possibilidade de reconstruir conhecimento que valoriza as interações e entreajuda. Do trabalho desenvolvido salientamos: i) oficinas de escrita académica; ii) promoção de tutorias entre pares; iii) debates em encontros científicos iv) reflexão pedagógica envolvendo estudantes e docentes; v) publicação de artigos e livros em co-autoria; vi) I Seminário do GATA enquanto espaço de partilha de trabalhos desenvolvidos pelos estudantes de diferentes cursos.
- Políticas educativo-curriculares em Portugal: um olhar através da avaliação no 1.o Ciclo do Ensino BásicoPublication . Duarte, Pedro; Fonseca, Dora
- História (e identidade) ensinada a partir do currículo oficial portuguêsPublication . Moreira, Ana Isabel; Duarte, PedroObjetivo: compreender o contributo do currículo prescrito português para o acesso a determinada narrativa histórica oficial pelos estudantes dos dois primeiros ciclos do Ensino Básico. Isto para se estudar a inclusão de determinados conhecimentos (históricos) e a ocultação de outros, que contribuem para a aprendizagem de certa identidade individual e coletiva, identificando o lugar da realidade portuguesa neste âmbito. Metodologia: concretizou-se um estudo de caso. A partir da leitura das Aprendizagens Essenciais para o 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico, enquanto documento curricular em vigor, definiram-se as categorias de análise (nacionalista, interativa, controversa, geográfica, genérica) e procedeu-se à explicitação e interpretação das mesmas. Resultados: pela pesquisa concretizada, percebeu-se que parte do currículo oficial tende a privilegiar, com maior ou menor evidência, a aprendizagem de uma narrativa nacional não tão abrangente, democrática e dialogante quanto o desejável no século XXI. Conclusões: será essencial que o processo de ensino e de aprendizagem da História permita a assunção de uma (multi)perspetiva realmente humanista e indagadora.
- Contas-me como foi? Narrativas de estudantes do Ensino Básico sobre o 25 de abril (de 1974)Publication . Moreira, Ana Isabel; Duarte, PedroEste artigo surge como mais um contributo para o debate sobre o papel do ensino da História na construção de uma sociedade cada vez mais complexa. Assim, focado na realidade educativa portuguesa, assenta num estudo de caso que envolveu 44 alunos que, no ano letivo 2022/23, frequentaram o Ensino Básico (4.º e 6.º anos) numa instituição privada do distrito do Porto. A sua participação ganhou forma de narrativa histórica sobre a Revolução do 25 de abril de 1974. Analisados os relatos individuais, percebe-se que a cidadania democrática interiorizada pelos jovens participantes assenta na ideia maior, feliz, de liberdade recuperada, ao mesmo tempo que se enforma numa certa simbologia cristalizada.
- Quem avalia os futuros professores? Perceções a partir dos relatórios de estágioPublication . Duarte, Pedro; Moreira, Ana IsabelEste artigo pode enquadrar-se no âmbito da reflexão mais alargada alusiva à formação inicial de professores. O mote do mesmo relaciona-se com a identificação das áreas científicas que se privilegiam nos júris das (obrigatórias por lei) defesas públicas do relatório de estágio, no último ano do Mestrado em Ensino do 1.º ciclo do Ensino Básico e de Português e História e Geografia de Portugal no 2.º ciclo do Ensino Básico, considerando o doutoramento e os domínios de investigação dos arguentes. Por via da informação disponibilizada nas páginas de internet das instituições portuguesas de Ensino Superior que incluem tal mestrado na sua oferta formativa, foi possível reunir uma amostra de quarenta sujeitos, remontando, o mais tardar, às provas acontecidas no ano de 2020, e até à atualidade (2023).Os dados recolhidos permitem-nos, desde logo, constatar que há uma preponderância dos domínios da área da docência no que diz respeito aos doutoramentos dos jurados principais convidados para as mencionadas provas públicas, bem como uma nula representatividade da área cultural, social e ética, aludindo à terminologia prevista na legislação em vigor. Além disso, torna-se evidente uma certa tendência para a disciplinarização do mestrado, pela consideração de arguentes com uma investigação vinculada às áreas do Português ou da História (às vezes, ao seu ensino), mas nenhum especialista no que concerne ao 1.º ciclo do Ensino Básico.No fim, assume- -se que este pode ser apenas o início, uma análise exploratória, para novas pesquisas ligadas ao tema ou suas derivações.
- Sensitivities of past and present in the curriculum: history in portuguese basic educationPublication . Moreira, Ana Isabel; Duarte, PedroThis paper seeks to understand how the national curricular guidelines for the History curriculum component, in the 2nd and 3rd cycles of basic education in Portugal, dialog with sensitive themes. Considering the most recent documents — Metas Curriculares (2012–2021) and Aprendizagens Essenciais (2018–present) — from a comparative perspective, but not exclusively so, an analysis of ‘socially active questions’ included in or excluded from those was made, along with that of the sense of teaching and the underlying history learning. That initial approach has thus enabled a definition of revealing categories and subcategories. It has also created further data interpretation based on the principles arising from Curriculum and History Education research. Among the main results, stands out a certain prevalence of a (individual? collective?) memory emerging from some (intentional? accidental?) oblivion of the past, and which seems to be incapable of encompassing various sensitivities of contemporary times.
- A avaliação pedagógico-curricular no ensino primário: Uma revisão sistemática da literaturaPublication . Duarte, Pedro; Fonseca, DoraO artigo corresponde a uma revisão sistemática da literatura, em que se procura analisar como se tem estudado a relação entre a educação primária e a avaliação pedagógico-curricular e quais são os principais resultados dessas investigações. Para a análise, consideraram-se 61 artigos com presença na Scopus e/ou na Web of Science. Enquanto principais resultados, destacam-se três ideias. A investigação privilegia trabalhos de natureza predominantemente técnica, através da validação de instrumentos. Existe uma certa desconsideração ontológica do ensino elementar, fazendo com que a investigação reforce lógicas de fragmentação curricular, deste contexto formativo. As políticas e práticas de investigação parecem não conseguir estabelecer um discurso contra-hegemónico que melhor permite analisar, problematizar e criticar as políticas educativas dominantes.
- O Estudo do Meio como espaço de implicação social e ambiental: prospeções e propostas curriculares, organizacionais e políticasPublication . Duarte, Pedro; Moreira, Ana Isabelegundo Arendt (1961), o compromisso com a educação resultade uma relação de amorcom o mundo, porque decorre de uma efetiva responsabilização face ao mesmo. Talvez por esse motivo, como esclarecem Misiaszeke colaboradores (2022), o pensamento pedagógico emerge preocupado com um conjunto de domínios que não podem ser desconsiderados, como a diversidade cultural, as desigualdades sociais, as relações humanasou os efeitos da globalização nos diversos contextos ambientais.O Estudo do Meio, do 1.º Ciclo do Ensino Básico português, devido às suas características interdisciplinares tenderá a estabelecer-se como fundamental, numa formação comprometida com a cidadania da infância, possibilitando a articulação entre os desafios humanos, sociais e ecológicos. Pretendemos refletir sobre o modo como tal componente surge, ou não, como um espaço educativo de implicação social e ambiental, pelo qual a realidade contemporânea não é ocultada e sepotencia uma consciencialização mais abrangente e ecológica, associada às características do meio ambiente, às injustiças na sociedade, à diversidade humana. Assumindo essa finalidade, o estudo avança com um mapeamento das orientações curriculares nacionais para aquela componente curricular. Conseguimos compreender que, apesar da menção a aspetos como os direitos humanos, a justiça ou os problemas ambientais e comunitários, o currículo nacional parece não privilegiar uma análise desocultadora e humanizante dos desafios sociais e ambientais mais atuais. Assim, propomos um conjunto de opções curriculares, organizacionais e políticas que melhor poderão convergir para uma pedagogia assente no olhar atento e na atuação crítica, como condição necessária para a afirmação da cidadania democrática das crianças.