ISCAP - Centro de Estudos Interculturais
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Formado em 2007, o Centro de Estudos Interculturais (CEI) do ISCAP realiza investigação fundamental e aplicada e coopera com instituições nacionais e estrangeiras em actividades de índole científica, técnica e cultural. O CEI engloba na sua designação e objectivos todo o panorama intercultural e transdisciplinar gerado pela investigação que desenvolve, pelas oportunidades de intercâmbio que cria e pelas iniciativas científicas e editorais que realiza.
O CEI acolhe aulas, projectos, dissertações e estágios de alunos de licenciatura e mestrado; possui uma biblioteca especializada aberta a toda a comunidade; e promove a participação dos seus colaboradores em conferências e publicações nacionais e internacionais. Todos os anos é concedido o Prémio CEI para o melhor trabalho final de Mestrado em Tradução e Interpretação Especializadas, realizado no ISCAP.
O CEI é membro da ECREA e da SPACE e mantem colaboração com o CEMRI da Universidade Aberta, o IELT da Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Vigo, Universidade de Santiago de Compostela, Université Européenne de Bretagne, University Spiru Haret, Université du Franche-Comté, Université de Bourgogne, Université de Paris–Nanterre, Universidade Autónoma de Barcelona e a Associação Nacional de Empresárias. O CEI é membro fundador da ECREA Women’s Network.
A equipa do CEI é formada por docentes e discentes do ISCAP e por investigadores de outras instituições nacionais e estrangeiras, contando ainda com uma reputada Comissão de Aconselhamento Científico.
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- “To laugh in tragic joy” – a linguagem poética de W. B. Yeats em Lapis LazuliPublication . Santos, ClaraLapis Lazuli foi escrito em Julho de 1936, três anos antes da morte de William Butler Yeats, e incluído nos seus Last Poems (1936-1939). Relaciona uma peça em lápis lazuli, datada do período Ch’ien Lung (entre 1731 e 1795) e oferecida a Yeats aquando do seu septuagésimo aniversário, com a convicção de que a tragédia, individual e pública, deve ser enfrentada corajosa e alegremente: Someone has sent me a present of a great piece carved by some Chinese sculptor into the semblance of a mountain with temple, trees, paths and an ascetic or pupil about to climb the mountain. Ascetic, pupil, hard stone, eternal theme of the sensual east. The heroic cry in the midst of despair. But I am wrong, the east has its solutions always, and therefore knows nothing of tragedy. It is we, not the east, that must raise the heroic cry.2
- A Tradução reinventada em The Invention of Solitude de Paul AusterPublication . Santos, ClaraA leitura da obra de Paul Auster, desde os primeiros poemas e ensaios até à mais recente ficção, revela uma constante reflexão metalinguística e metaficcional sobre o trabalho da escrita. Auster equaciona o problema da escrita enquanto acto, permitindo ao leitor acompanhar e participar desse processo de construção. A narrativa e a linguagem intelectualizam-se, tornam-se conscientes, o que possibilita uma aproximação privilegiada ao ensino da tradução de textos literários através da própria literatura. The Invention of Solitude é como uma arte poética inspirada na experiência efectiva do sujeito, enquanto escritor e tradutor. Podemos considerá-lo um romance-manifesto em duas partes (Portrait of an Invisible Man e The Book of Memory), com especial incidência na exploração analítica da cena da escrita, utilizando a personagem-escritor e suas vivências como cobaia neste processo de auto e heteroconhecimento. A partir da análise aplicada de The Invention of Solitude, este artigo irá remeter também para os ensaios de Ernest Gellner sobre Wittgenstein em Language and Solitude, entre outros escritores que se debruçaram igualmente sobre questões ligadas à tradução literária, como Dryden, Goethe, Nietzsche, Benjamin, Ortega y Gasset e Octávio Paz.
- Representações coloniais no feminino: o oriente de Isabel TamagniniPublication . Santos, ClaraO Diário de uma Viagem a Timor (1882-1883) descreve o itinerário de Isabel Pinto da França Tamagnini entre Singapura e Díli. O Diário oferece uma representação peculiar da cultura asiática e das suas mulheres, através do olhar de uma europeia cuja formação e mundividência em pouco ultrapassavam a esfera doméstica e religiosa. A escrita de Tamagnini reflecte a sensibilidade de um estrato privilegiado da sociedade, que considerava a escrita feminina como um passatempo tolerável de senhoras prendadas. Logo nas primeiras linhas do Diário, Tamagnini afirma claramente que a sua produção e recepção devem restringir-se ao círculo da família e amigos, pois ela mesma o considera um texto recreativo e impressionista. Mas é precisamente esta característica que faz do Diário de Tamagnini um documento da sociedade colonial portuguesa de finais do século xix. Tamagnini compõe uma representação subjectiva de uma realidade ‘exótica’ e dos seus actores, recordando a noção de ‘orientalismo’ de Edward Said. O olhar de Tamagnini é dominado pela pertença a uma elite etnocêntrica e produz um texto crítico, simultaneamente confessional e moralizador. Tamagnini parece viajar através de espaços de socialização aristocrática, mais do que através de geografias e culturas. Mas o espaço urbano é progressivamente substituído pelo território ‘selvagem’, à medida que a viagem se aproxima do destino. E aqui o Diário funciona como texto paradigmático, se bem que por vezes irreverente, de uma representação etnocêntrica da colónia, dos agentes coloniais e ‘seus’ colonizados, com especial atenção à descrição dos ‘tipos’ femininos observados ao longo desta Viagem a Timor.
- A construção do texto etnográfico: fontes documentais sobre a cultura portuguesaPublication . Santos, ClaraAs influências ideológicas do Estado nas fontes documentais estão patentes nos textos dedicados à cultura portuguesa de cariz popular, aqui exemplificada pelo caso da Ria de Aveiro e suas embarcações tradicionais, nas décadas de quarenta e cinquenta do século XX. Neste artigo, escolhemos três documentos ilustrativos: Vida e Arte do Povo Português, edição do Secretariado da Propaganda Nacional; Estudos Etnográficos de Domingos José de Castro; e os mapas turísticos publicados pelo Roteiro Turístico e Económico de Portugal. Estes e outros documentos constroem o rosto oficial do povo português, destinando-se essencialmente a reavivar ou a criar tradições identificáveis com a visão que as autoridades procuravam perpetuar do quotidiano popular.
- Condição feminina no império colonial portuguêsPublication . Centro de Estudos InterculturaisAusentes ou mitificadas, silenciadas ou vitimizadas, as mulheres da História de Portugal são exemplo do papel desempenhado pelo discurso historiográfico e pelo crivo da ideologia e da memória colectiva na formação das identidades, das suas práticas e representações. A ausência da mulher emerge em especial no momento de analisar a condição feminina no vasto cenário do espaço colonial e metropolitano, do Brasil ao Extremo Oriente, passando pela Europa, África e Índia, entre o início da expansão do século XVI e a devolução das colónias. Descrevendo com seriedade científica as vivências e os (pre)conceitos de que as mulheres foram sujeitos e objectos, esta obraconvoca uma multiplicidade de disciplinas, para que as perspectivas e a selecção das fontes e metodologias sejam isentas e plurais, e acolhe as mais diversas origens nacionais, para que se façam ouvir em sintonia as várias memórias intervenientes na saga global, bem como as diferentes versões da história do império colonial português.
- Women in the portuguese colonial empire: the theatre of shadowsPublication . Centro de Estudos InterculturaisWomen in the portuguese colonial empire: the theatre of shadows
- Género, viagem e representações interculturaisPublication . Santos, ClaraNuma primeira abordagem a A Lady’s Visit to Manilla and Japan (1863), de Anna D’Almeida, os leitores não deverão esperar a narrativa de uma experiência que poderia ter sido produzida por um desses “Etonnants voyageurs! Quelles nobles histoires / Nous lisons dans vos yeux profonds comme les mers!”, citando o último poema de Les Fleurs du Mal de Baudelaire. Nem tão pouco deverão esperar o relato superficial de uma turista indolente sobre a diversão convencional ou o previsível choque moral experimentados durante as várias etapas do seu grand tour, e que são característicos deste tipo de literatura, particularmente popular no campo emergente do turismo do final do século XIX. Este artigo defende uma leitura plural, conciliando noções aparentemente divergentes. Analisa a escrita feminina ocidental no contexto dos encontros culturais, mais precisamente, as peculiares imagens que uma viajante ocidental do século XIX cria a partir da sua breve exposição a vários espaços e práticas da Ásia. A familia D’Almeida viajou pelo Extremo Oriente entre Março e Julho de 1862. O título A Lady's Visit to Manilla and Japan induz em erro, pois a narrativa começa em Singapura e termina em Hong Kong, mas a família visitou também Macau, Xangai, Nagasaki, Yokohama, Xiamen (Hokkien) e Cantão, entre outros lugares, atestando assim o profundo desejo dos D’Almeida de explorar in loco todas as potencialidades dos países visitados. Neste estudo de A Lady's Visit to Manilla and Japan, tenciono demonstrar as complexidades que existem dentro de / entre as histórias, experiências e actividades interculturais de mulheres, e como estas alargam o âmbito do estudo dos sistemas sociais e culturais. Ao examinar as diferenças e semelhanças de género, podemos elaborar construções teóricas que analisam as variações entre mulheres; como elas são influenciadas pela classe, raça, etnia e religião; e como estas moldam a forma como entendemos a posição da mulher na cultura e na sociedade. O preconceito de classe da elite ocidental considera a mulher não-ocidental como sendo ‘a outra’, alguém que representa aquilo que o escritor ocasional não é. A questão da representação feminina das suas congéneres como ‘mulheresoutras’, com base numa ampla variedade de diferenças, é definitivamente um desafio para os estudos interculturais e de género.
- Espaços digitais na sociedade intercuturalPublication . Mesquita, Anabela; Mascarenhas, ArturNesta comunicação descreve‐se um caso que teve lugar no ISCAP e onde se recorreu a diversas actividades e ferramentas, nas quais se incluem os espaços digitais, para ajudar os estudantes a desenvolverem as suas capacidades criativas. Apresentam‐se os resultados e esboçam‐se recomendações.
- A Lady's visit to Manilla and Japan: intercultural representations on a journey to the eastPublication . Santos, ClaraNuma primeira abordagem a A Lady’s Visit to Manilla and Japan (1863), de Anna D’Almeida, os leitores não deverão esperar encontrar a narrativa de uma experiência que poderia ter sido produzida por um desses “Etonnants voyageurs! Quelles nobles histoires / Nous lisons dans vos yeux profonds comme les mers!”, citando o último poema de Les Fleurs du Mal de Baudelaire. Nem deverão esperar ser confrontados com o relato superficial de uma turista indolente sobre a diversão convencional ou o previsível choque moral experimentados durante as várias etapas do seu grand tour pessoal, tão em voga, e que são característicos deste tipo de literatura, particularmente popular no campo emergente do turismo do final do século xix. Neste artigo, proponho-me analisar a escrita feminina occidental no contexto dos encontros culturais, mais precisamente, as imagens que uma viajante ocidental do século xix cria a partir da sua breve exposição a vários espaços e práticas da Ásia. A família D’Almeida viajou pelo Extremo Oriente entre Março e Julho de 1862. O título A Lady’s Visit to Manilla and Japan induz em erro, pois a narrativa começa em Singapura e termina em Hong Kong, mas a família visitou também Macau, Xangai, Nagasáqui, Yokohama, Xiamen (Hokkien) e Cantão, entre outros lugares, atestando assim o profundo desejo dos D’Almeida de explorar in loco todas as potencialidades dos países visitados Neste estudo tenciono demonstrar as complexidades que existem dentro de / entre as histórias, experiências e actividades interculturais de mulheres, e como estas alargam o âmbito do estudo dos sistemas sociais e culturais. Ao examinar as diferenças e semelhanças de género, podemos elaborar construções teóricas que analisam as variações entre mulheres; como elas são influenciadas pela classe, raça, etnia e religião; e como estas moldam a forma como entendemos a posição da mulher na cultura e na sociedade. O preconceito de classe da elite ocidental considera a mulher não-ocidental como sendo ‘a outra’, alguém que representa aquilo que o escritor ocasional não é. A questão da representação feminina das suas congéneres como ‘mulheres-outras’, com base numa ampla variedade de diferenças, é definitivamente um desafio para os estudos interculturais e de género.
- Navegando a cultura portuguesa: propostas teóricas para uma política popularPublication . Santos, ClaraDe acordo com os princípios de semiótica de Umberto Eco, os processos culturais são processos de comunicação, atravessados por uma multiplicidade de subcódigos, descodificáveis através de condições e ocasiões extra e intersemióticas.2 Por detrás de factos explicitamente não intencionais, que o senso comum tende a considerar acidentais ou não significativos, revelase uma produção socialmente determinada, embora quase sempre sem autor identificável, de efeitos de sentido. Há nos pequenos rituais e juízos do quotidiano muitos sintomas da pluralidade contraditória das ideologias sociais – os “arbitrários culturais” de Pierre Bourdieu3 – que comandam a produção-recepção de efeitos de sentido e que contribuem para a imagem que os participantes no diálogo social constroem uns dos outros.