ESS - PTE - Neurofisiologia
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- Identificação dos factores de risco associados à Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)Publication . Leite, Liliana Patrícia PintoIntrodução: A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma doença que afecta 2-4% da população em todo o mundo. O gold standard para o diagnóstico de SAOS é a polissonografia (PSG) um método não invasivo que registo a actividade cerebral e respiratória durante o sono a fim de identificar possíveis patologias. Vários factores têm sido associados a um risco aumentado de ter a doença: idade, género e obesidade são os mais relatados. Objectivo: Identificar os factores mais associados ao risco de ter SAOS nos doentes referenciados ao laboratório do sono com suspeita de ter SAOS. Métodos: Foi realizado um estudo prospectivo que incluiu doentes adultos com suspeita de SAOS que realizaram PSG no laboratório do sono do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia / Espinho, EPE. As variáveis estudadas foram definidas a partir de revisão de literatura e recolhidas durante a consulta. Constituiu-se uma amostra de 86 doentes com suspeita de SAOS . Através da análise da regressão logística univariada (RL) foram identificadas as variáveis com resultado significativo. Resultados: Dos 86 pacientes estudados, 52% obtiveram diagnóstico de SAOS. A RL univariada revelou seis variáveis com influência significativa para a SAOS: sexo masculino (OR = 7,259, IC 95% = [1,096; 27,651]), índice de massa corporal (OR = 1,159, [1,030; 1,303]) perímetro do pescoço, (OR = 1,341, [1,159; 1,550]), perímetro abdominal (OR = 1,076, [1,025; 1,129]), apneias presenciadas (OR = 4,725, [1,772; 12,599]) e consumo de álcool antes de dormir (OR = 3,307, [1,350; 8,100]). Discussão: Os resultados deste estudo vão de encontro com a literatura encontrada. Mais uma vez fica revelada a importância da obesidade na SAOS, principalmente a obesidade visceral (abdominal e do pescoço). Quanto ao género, o sexo masculino foi predominante e as queixas dos companheiros de cama revelam-se muito importantes na identificação de doentes em risco, apesar de ser uma variável subjectiva e impossível de ser verificada em todos os doentes. A importância da evitação alcoólica nestes doentes, principalmente à noite, fica mais uma vez reforçada.
- Manometria esofágica convencional e esclerose sistémica: achados e correlações em 90 doentes portuguesesPublication . Pereira, Gisela Sofia de MagalhãesIntrodução: A Esclerose Sistémica (ES) é uma doença generalizada do tecido conjuntivo, de etiologia desconhecida que afeta a pele e vários órgãos internos. O esófago é o órgão do tubo digestivo mais frequentemente envolvido, atingindo cerca de 50-90% dos doentes. As perturbações da motilidade esofágica traduzem-se por hipotonia do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI) e alterações ou mesmo ausência, da peristalse distal. Consequentemente, os doentes com ES podem ter complicações como esofagite erosiva e, eventualmente, esófago de Barrett e adenocarcinoma esofágico. A doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) também é considerada um fator importante na patogénese da doença pulmonar intersticial, estando esta, por sua vez, associada a um aumento da morbilidade e mortalidade em doentes com ES. Dados que associem as alterações da motilidade esofágica, ao género, subtipo de ES, perfil de anticorpos e doença pulmonar associada são escassos ou contraditórios. O objetivo deste estudo foi a avaliação destas associações em doentes portugueses com ES provenientes da consulta de Auto-Imunes do Centro Hospitalar do Porto, Hospital Santo António. Material e Métodos: 90 doentes (82 mulheres) com ES foram incluídos neste estudo retrospetivo. Foram registados para todos os doentes os seguintes dados: género, subtipo de ES, serologia dos anticorpos antinucleares antitopoisomerase I (Anti-SCL 70) e anticenterómero (ACA), doença pulmonar associada, sintomas esofágicos e resultados da manometria esofágica. Resultados: Na população estudada, 18,9% dos doentes apresentavam a forma difusa da doença (EScd), 81,1% a forma limitada (EScl). Em 60% dos doentes o anticenterómero (ACA) foi positivo enquanto que 12,2% apresentavam o anticorpo antinuclear antitopoisomerase I (Anti-SCL 70) positivo. A disfagia, pirose e regurgitação observou-se em 16,7%, 27,8% e 6,7% respetivamente. 25,6% dos doentes tinham doença pulmonar associada. Alterações do corpo do esófago foram observadas em 35,5% dos doentes (23,3% aperistalse e 12,2% hipomotilidade). Quanto ao EEI, as alterações estavam presentes em 64,4% dos doentes (33,3% EEI intratorácico, 13,3% EEI hipotónico e 17,8% EEI hipotónico e intratorácico). Conclusão: Os resultados do estudo mostraram que os doentes com EScl apresentavam mais alterações a nível do corpo do esófago do que os com EScd. 56,5% dos doentes com doença pulmonar associada tinham alterações da motilidade esofágica. Dos doentes com regurgitação, 83,3% tinham dismotilidade do corpo do esófago. 77,8% dos doentes com ACA positivo tinham alterações a nível do EEI. Não se verificou relação estatisticamente significativa entre os achados manométricos e as restantes variáveis.
- Integração da resposta simpática da pele no protocolo dos estudos de condução nervosa da Polineuropatia Amiloidótica Familiar e da Polineuropatia DiabéticaPublication . Freitas, Mónica Raquel Oliveira QuintasEste trabalho foi realizado com o intuito de inserir a Resposta Simpática da Pele no protocolo dos estudos de condução nervosa, nomeadamente no estudo das polineuropatias que aparecem mais frequentemente no Serviço de Neurofisiologia do Centro Hospitalar do Porto que são: a Polineuropatia Amiloidótica Familiar e a Polineuropatia Diabética. Atualmente o protocolo integra os estudos de condução nervosa motores dos membros superior e inferior de um dos lados do corpo e os estudos de condução nervosa sensitivos do membro superior e dos dois membros inferiores. A integração da Resposta Simpática da Pele traria um pouco mais de informação para o diagnóstico precoce da polineuropatia. Alguns estudos revelam que a resposta simpática da pele é importante em lesões da medula espinal, fornecendo informações sobre o nível e extensão da lesão que afeta o Sistema Nervoso Simpático. Estes dois tipos de polineuropatias têm inicialmente um atingimento periférico, tendo a primeira uma forte componente genética enquanto a neuropatia diabética, além de ter uma componente genética diminuída, na maioria dos casos é adquirida. Com este trabalho pretende-se abrir uma porta para o futuro, criando uma base de dados com estes dois tipos de polineuropatias cujo objetivo final será a comparação dos valores dos estudos de condução nervosa e da resposta simpática da pele, no decorrer das doenças.
- Levantamento Epidemiológico das Epilepsias/Síndromes epilépticos - Que realidade em Portugal?Publication . Tavares, DianaA Epilepsia apresenta-se como uma doença milenar, objeto de grandes transformações concetuais ao longo dos tempos. Atualmente constitui uma das patologias neurológicas crónicas mais frequentes, com pico de manifestação nos primeiros anos de vida e na velhice. As suas formas de apresentação são múltiplas e as repercussões físicas e cognitivas podem variar entre mínimas, quase impercetíveis, até algo mais global com limitações explícitas na vida quotidiana dos doentes e seus familiares. Os dados epidemiológicos adstritos a esta patologia são escassos e ao mesmo tempo inconsistentes, mesmo nos países desenvolvidos. De uma forma global, não existem políticas científicas de registo sistematizado destes doentes, nem metodologias homogéneas ou bases de dados uniformizadas a nível internacional. O presente trabalho, após realizar uma contextualização teórica ao nível da patologia aqui em análise e de conceitos e ideologias epidemiológicas, expõe, de forma sintetizada, os dados publicados em artigos científicos, referentes a países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Salienta-se a situação portuguesa com informação ínfima nesta matéria e pouco atual. Assim, com base na literatura analisada e na experiência clínica e técnica, desenvolveu-se uma proposta de base de dados para registo destes doentes, que permite a inserção de diversas informações relevantes, para além dos dados diretos adstritos à Epilepsia ou Síndromes Epilépticos, a sua contabilização e filtragem, consoante a finalidade pretendida. Realça-se o seu fácil preenchimento, num formato digital aplicável a qualquer meio informático, sem custos adicionais. Só através de uma prática nacional sistematizada de registo da doença se poderão desenvolver políticas de saúde que permitam uma melhor gestão da mesma, com melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados, de tratamentos mais adequados e novas hipóteses de investigação na área, com posterior aumento da qualidade de vida dos doentes.
- Utilidade dos estudos de condução nervosa e respostas-F do nervo peronial na radiculopatia de L5 e a sua correlação com o grau de gravidade avaliada eletromiograficamentePublication . Braga, RuiAs radiculopatias lombares referem-se a um processo patológico envolvendo as raízes nervosas espinais, causando sintomas radiculares ao nível dos membros inferiores. As respostas-F são ondas tardias que advêm de descargas recorrentes de neurónios motores despolarizados antidromicamente, que podem ser úteis na avaliação de lesões radiculares. Com o objetivo de avaliar a utilidade dos estudos de condução nervosa e respostas- F do nervo peronial no diagnóstico de radiculopatia de L5 e a sua correlação com o seu grau de gravidade, foram estudados 47 sujeitos que padeciam de radiculopatia de L5 e foram comparados com um grupo de controlo, constituído por 28 sujeitos saudáveis. Foram estudadas as amplitudes do PAMC do nervo peronial profundo, do PANS do peronial superficial, bem como as latências mínima, média e máxima, cronodispersão e persistência das Respostas-F. Foi realizada ainda uma avaliação eletromiográfica, com o intuito de classificar o acometimento da raiz em termos de gravidade. Registaram-se diferenças significativas entre os dois grupos na amplitude do PAMC do peronial profundo (p<0,0001), na F-mínima, F-média, F-máxima e cronodispersão (p<0,0001), e ainda na persistência (p 0,014). Todos estes parâmetros também se correlacionaram significativamente com o grau de gravidade da radiculopatia, sendo as latências das ondas-F e a cronodispersão progressivamente maiores nos sujeitos com um grau de afeção mais grave, e a persistência e a amplitude dos estudos de condução motora mais baixas. O fator que se evidenciou mais sensível no diagnóstico desta patologia foi a latência-máxima das ondas-F, 31,25%, e o menos sensível a persistência, apenas alterada em 9,34% dos indivíduos. Tendo em consideração todos os parâmetros avaliados nas respostas-F atingiu-se uma sensibilidade global desta técnica de 42,19%. Com esta investigação concluímos que os estudos de condução nervosa e as respostas-F poderão ser úteis como complemento na avaliação das radiculopatias lombares, apresentando uma sensibilidade considerável para esta patologia. Não se deve limitar o estudo desta técnica à avaliação das latências mínima das ondas-F, mas incluir sempre todos os outros parâmetros, aumentando assim a sua sensibilidade. Estas técnicas deverão ser incluídas no estudo das radiculopatias de L5.