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Abstract(s)
A problemática da institucionalização na infância e na adolescência constitui-se um tema de grande relevância social, não somente pelo número de jovens nesta situação, mas pela preocupação com a qualidade do atendimento oferecidos nas instituições. Sabe-se que, desde o nascimento, as crianças e jovens são desafiadas a organizar o input sensorial em respostas adaptativas ao meio em que estão inseridas. Dentro daquelas que são consideradas respostas adaptativas eficazes, inclui-se a qualidade da autorregulação emocional. Assim, a qualidade da informação recebida do contexto aparece como um fator essencial para o desenvolvimento de um correto comportamento adaptativo e as instituições que acolhem as crianças e jovens nem sempre são eficazes na sua providência.
Deste modo e partindo do princípio de que o contexto onde a criança se desenvolve pode ter influência sobre a qualidade desse desenvolvimento, a presente investigação tem como objetivos descrever a capacidade de autorregulação e de modulação sensorial de jovens institucionalizados, bem como a existência de perturbações a este nível, analisando a existência de associações entre problemas de autorregulação e alterações da modulação sensorial em jovens institucionalizados.
A amostra foi constituída por 40 jovens em acolhimento institucional, com idades compreendidas entre 11 e 18 anos. A recolha de dados foi realizada num único momento de avaliação, através da aplicação do questionário sociodemográfico, SRQ - Self-Regulation Questionnaire e, SensOR - Sensory Over-Responsivity Inventory. Para o tratamento dos dados, foram utilizadas medidas descritivas e medidas de correlação, a estimação do risco de desenvolver problemas de autorregulação e uma regressão linear múltipla para verificar os preditores da autorregulação de entre os domínios do SensOR e dos dados sociodemográficos. Para todas as análises, foi usado uma probabilidade de erro tipo I (α) de 0,05.
Os resultados deste estudo salientam 1) a substancial prevalência de hiperresponsividade (domínios tátil-materiais=82,5%; olfativo=82,5%; auditivo-locais 72,5%; vestíbulo-propriocetivo= 72,5%) e problemas de autorregulação (87,8%) em jovens institucionalizados; 2) a correlação significativa entre a autorregulação e o domínio gustativo (r=0,488; p<0,01); 3) a associação dos domínios tátil, gustativo e auditivo (locais) à ocorrência de alterações da autorregulação; 4) obteve-se um modelo significativo que explica 31% da variabilidade da capacidade de autorregulação, sendo as variáveis preditoras o domínio gustativo, a presença de doenças e a idade do primeiro acolhimento.
Pode-se, assim, concluir que a substancial prevalência de hiperresponsividade e problemas de autorregulação encontrada em jovens institucionalizados implica que sejam pensadas medidas que permitam prevenir o seu desenvolvimento, por exemplo, fornecendo, ao nível das instituições, um contexto mais enriquecido. Por outro lado, parece ser imprescindível pensar em novas formas de intervenção, que incidam nas perturbações da modulação sensorial, de forma a diminuir estes défices, o que implica uma maior atuação da Terapia Ocupacional com esta população.
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Keywords
Responsabilidade Modulação sensorial Auto-regulação emocional Jovens