ESE - DPRM - Património, Artes e Turismo Cultural
Permanent URI for this collection
Browse
Browsing ESE - DPRM - Património, Artes e Turismo Cultural by Author "Luz, João Paulo de Jesus Martins"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- O Porto de Jano. Uma cidade de duas caras, o Porto entre Liberais e MiguelistasPublication . Luz, João Paulo de Jesus Martins; Coelho, Sérgio Alexandre Soldá da Silva VeludoPorto, uma cidade Liberal? Quantos de nós já ouvimos esta expressão? Uma expressão fundada em mitos, conceções de uma historiografia cristalizada no tempo ou uma realidade? Nesta dissertação pretendemos levantar, analisar e verificar quem foram as personalidades, mais ou menos conhecidas que assumiram, de formas mais ou menos coerentes as suas posições pró-Absolutistas ou pró- Liberais na cidade do Porto entre 1818 e 1833. Este intervalo temporal refere-se à formação do Sinédrio e até ao fim do Cerco do Porto, finalizado em agosto de 1833, após o que o teatro de operações da Guerra Civil passa para o Sul de Portugal. Não focaremos apenas os seus líderes, mas também quem participou ativamente neste período conturbado da História da Cidade do Porto, configurando um Património e Memória que consubstancia de forma material e imaterial como igualmente tentaremos demonstrar. Ao longo da nossa investigação, tornou-se evidente que a nossa proposta de problemática desta dissertação teria razão de ser dada a riqueza dos dados, muitos deles que cremos inéditos e que nos motivou a ir o mais fundo possível nas questões que nos propusemos responder, anda que dentro das limitações de uma dissertação de mestrado. O que aqui fica será o ponto de partida para mais estudos, sejam em sede de produção científica, seja em futuros estudos pós-graduados. Esta dissertação assenta, como referido acima, com a formação do Sinédrio em 1818, relembra a Belfastada e as execuções de 7 de maio de 1829, terminando com o levantamento do Cerco do Porto em agosto de 1833. Num espaço de 15 anos iremos apresentar diferentes, diversas e variadas personalidades que se mantiveram fiéis à sua ideologia ou mudaram consoante as suas necessidades, conveniência ou carácter, para o que criamos o termo Situacionista, dado que reflete um posicionamento pessoal, mas que por vezes teve impactos nos que os rodeavam. Para tal foram levantadas questões estruturais e lacunares: Quem são estes apoiantes? Se sempre apoiaram o mesmo ideário político? De que maneira o apoiaram e como agiram? Que consequências trouxe este período da nossa História para estes homens? Com este estudo foi-nos possível estabelecer uma série de objetivos que nos propusemos atingir, não na intenção de desmitificar um Porto Liberal, mas que tinha uma diversidade política complexa em que as correntes ideológicas, tanto inspiradas no Romantismo Liberal, no conservadorismo político, social ou económico que poderia não alinhar em ideologias, no Miguelismo absoluto ou na fluidez das circunstâncias. A cidade do Porto não poderia ficar de fora ou alheia à situação nacional, tanto pela sua importância estratégica a todos os níveis, como pelo que, pese a diversidade política, sempre foi uma cidade que era e é ciosa das suas liberdades. Estas liberdades enquanto cidade e coletivo humano, não têm que necessariamente alinhar com diretivas ou imposições de agendas políticas. Poderíamos vi ter Portuenses Liberais ou Miguelistas, porque os houveram e os documentos assim o provam, mas tal não se confronta com o sentido de liberdade de comércio, de decisão, e todo o mais que caracterizava a Cidade do Porto desde há muito. De notar que em 2020 se iniciam múltiplas iniciativas que evocam o Bicentenário da Revolução (ou pronunciamento militar?) de 24 de Agosto de 1820, e que se estende em termos de propostas de estudos na História e no Património até ao início da Regeneração. Mas refira-se que este período foi multiplamente relembrado na Monarquia Constitucional e ainda na I República, esmorecendo na historiografia do Estado Novo. A História por vezes não se compadece com os vencidos e foi construída toda uma historiografia quase panegírica do lado Liberal, relegando o ideário Miguelista para um campo demonizado, ideologicamente fechado e no lado errado da História. Dentro desta reflexão, não tomando partidos, obrigação difícil, mas máxima do historiador ou do que para lá caminha, tentamos que esta dissertação tomasse este caminho. Trazer à luz os dois lados, pois o situacionismo apenas serve de ponte para os que para tal lhe convinha, como ainda hoje. Atrevemo-nos a dizer que nem todos os Liberais se pautavam pelas mesmas linhas ideológicas, bastando referir os que não se reviam no Duque de Bragança e o Miguelistas, em que muitos, apesar do seu conservadorismo, não aprovavam os métodos e comportamentos do regime do filho mais novo de Dona Carlota Joaquina. A temática abordada nesta dissertação foi fruto de dúvidas que levaram a questões e daí à problemática. Um pouco metaforicamente utilizamos a figura de Jano, o deus romano de duas caras. Estas duas caras simbolizam, neste contexto uma cidade do Porto que talvez não fosse tão Liberal quanto a historiografia do século XIX e XX nos queira transmitir. Qual a real dimensão do partido Liberal na cidade e qual a influência dos valores conservadores e Absolutistas nas várias camadas sociais, desde as elites ao povo das ruas? Se existiu uma guerra, foi necessário existir dois lados, portanto, quem são estes? Quem são os “atores” deste episódio da História de Portugal?