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Authors
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Abstract(s)
O estudo da Neurociência tem permitido compreender melhor a função do sistema nervoso com respetivas repercussões no comportamento neuro-motor (Gjelsvik, 2008; Shumway-Cook & Woollacott, 2012; medicalnewstoday).
Neste âmbito, são vários os aspetos em investigação e consequentemente em desenvolvimento, tais como moleculares, celulares, de desenvolvimento, funcionais e clínicos. A realização de estudos não só em animais, mas também em humanos (saudáveis ou com patologia), aliado aos avanços em neuroimagem não invasiva (tomografia computadorizada, tomografia por emissão de positrões, e a ressonância magnética funcional), permitem uma visão integrada do funcionamento do encéfalo permitindo o estudo das alterações decorrentes de lesões do Sistema Nervoso Central (SNC) (Mazzafera, 2008). Esta área de investigação é de extrema importância já que mais de 1.000 patologias do cérebro e do SNC em geral resultam num maior número de hospitalizações. Em 2007, dados da Organização Mundial de Saúde estimavam que as patologias do foro neurológico afetavam até um bilião de pessoas em todo o mundo, com custos elevadíssimos. Na verdade, as estatísticas apontam para que as patologias neurológicas correspondam a 11% do total de patologias do mundo, não incluindo a saúde mental e transtornos de dependência (http://www.sfn.org/).
Estas estimativas são baixas tendo em conta a falta de dados estatísticos e tratamento em países em desenvolvimento. À medida que melhores cuidados de saúde chegam a estes países, o número de doentes que necessitam de intervenção irá aumentar e consequentemente justificar a necessidade de se desenvolverem estudos no sentido de potenciar a reabilitação dos sujeitos com patologias do foro Neurológico.
A lesão e/ou patologia do SNC causa danos nas estruturas e consequentemente nas suas projeções neuronais (Dobkin, 2005). A recuperação funcional nos sujeitos com lesão neurológica depende da efetividade de mecanismos neurofisiológicos dependentes da atividade constituindo esta uma propriedade fundamental para os ganhos funcionais. Portanto, a Reabilitação deverá orientar esta neuroplasticidade sendo importante salientar que as estratégias definidas devem ter como objetivo a modulação das redes sináticas que se re-organizam face aos défices neurais existentes. (Dobkin, 2005).
Cabe também à fisioterapia promover esta reorganização neural, de forma a potenciar atividade funcional com vista à participação destes sujeitos em comunidade. Este processo de reorganização neural pode ser conseguido através da promoção de input para o SNC. Este input, nas suas múltiplas vertentes, visual, propriocetivo, sensorial entre outros, deve induzir respostas ativas dos sujeitos em contexto de tarefa funcional. (Meadows & Williams, 2009). É também fundamental que a intervenção em Fisioterapia explore componentes biomecânicas para potenciar melhores níveis de ativação muscular, minimizando o desenvolvimento de estratégias compensatórias de movimento e consequentemente prevenir potenciais défices secundários (Gjelsvik, 2008).
Esta abordagem em fisioterapia pressupõe, por parte da equipa multidisciplinar capacidade de através da análise dos componentes de movimento inerentes à realização da tarefa em contexto dinâmico perceber quais os problemas a resolver assim como selecionar estratégias e procedimentos de intervenção. Esta complexidade inerente ao processo de raciocínio clínico justifica a realização de estágio clinico por forma a desenvolver competências através da partilha de experiencias com profissionais “experts” na área.
Assim, e no âmbito do mestrado em Fisioterapia opção Neurologia, foi realizado um estágio clínico na área dos adultos que, mesmo apresentando diagnósticos parecidos, revelaram características únicas e individuais, capazes de justificar uma intervenção direcionada para principais problemas tendo justificado a realização de um estudo de investigação - série de casos.