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A autodeterminação de jovens com necessidades educativas especiais

dc.contributor.authorSimƵes-Silva, Vƭtor
dc.date.accessioned2013-09-20T09:51:43Z
dc.date.available2013-09-20T09:51:43Z
dc.date.issued2012
dc.description.abstractA Autodeterminação Ć© considerada por alguns autores como um conjunto de atitudes que possibilitam que cada pessoa defina metas e seja capaz de, por iniciativa própria, alcanƧar os seus objectivos (Field & Hoffman, 1996; Poulsen, Rodger, & Ziviani, 2006; Wehmeyer, 1998, 2007; Wehmeyer & Metzler, 1995). No Ć¢mbito deste conceito Ć© extremamente relevante identificar no indivĆ­duo aspetos importantes, designadamente a autorrealização que permite alcanƧar todo o potencial, a assertividade para dizer de forma direta e clara quais as suas necessidades, a criatividade como apoio para ultrapassar os papĆ©is estereotipados e expectativas, a crenƧa para reconhecer as suas capacidades e contribuição para a sociedade e a autorrepresentação para garantir a viabilização dos serviƧos e concretização de todo o potencial (Field & Hoffman, 1996). Nesta lógica surge um outro conceito que tambĆ©m assume grande importĆ¢ncia: o self-advocacy (autorrepresentação) (Santos & Morato, 2002). Brinckerhoff (1993) definiu a autorrepresentação como a habilidade para reconhecer e responder Ć s necessidades especĆ­ficas de uma dificuldade de aprendizagem, sem comprometer a dignidade de si mesmo e dos outros. Para Wehmeyer e Metzler (1995) a Autodeterminação num indivĆ­duo, nĆ£o Ć© suscetĆ­vel de ser diretamente avaliada, podendo apenas ser observada atravĆ©s das aƧƵes e comportamentos do próprio. Mediante a avaliação desses mesmos comportamentos podemos verificar se a pessoa desenvolveu competĆŖncias para autodeterminar o seu projeto de vida. Estudos realizados com base na Autodeterminação da pessoa com deficiĆŖncia mental (DM) (Houghton, Bronicki, & Guess, 1987; Kishi, Teelucksingh, Zollers, Park-Lee, & Meyer, 1988; Murtaugh & Zetlin, 1990), concluem que a população jovem adulta com DM nĆ£o vivencia uma grande panóplia de experiĆŖncias em que lhe seja proporcionada oportunidade de expressar preferĆŖncias, fazer escolhas e tomar decisƵes (Wehmeyer & Metzler, 1995). Mesmo quando se vislumbra um novo paradigma face Ć  DM em que se percebe a importĆ¢ncia deste conceito (Autodeterminação) como fundamental para a realização pessoal desta população, nem sempre existe uma resposta coerente por parte da sociedade, pois uma grande parte mantĆŖm-se obstinada e resistente, ignorando a idade cronológica dos indivĆ­duos e focando-se na sua suposta idade mental, o que leva por vezes a interaƧƵes enviesadas e inadequadas. Nesta lógica, Ć© óbvio, que se Ć© tratada como uma crianƧa, irĆ” de certeza assumir comportamentos como tal (Glat, 1999). Jovens com competĆŖncias de Autodeterminação possuem maiores possibilidades de obter sucesso na transição para a vida adulta onde se inclui o emprego e a vida social (Agran & Wehmeyer, 2000). Constata-se que os jovens com DM podem enfrentar obstĆ”culos que aparentemente lhes pareƧam difĆ­ceis ou mesmo impossĆ­veis de transpor, podendo apenas necessitar de apoio e intervenƧƵes especĆ­ficas para os auxiliarem com as transiƧƵes de papĆ©is que experienciam. Estas transiƧƵes de papĆ©is sĆ£o vividas de forma diferente de indivĆ­duo para indivĆ­duo e dependem do desenvolvimento de cada jovem, das suas capacidades e dificuldades e da existĆŖncia de suporte familiar e ambiental (King, Baldwin, Currie, & Evans, 2005). Para que a transição de papĆ©is possa ser vivida de forma harmoniosa e tendo em conta uma perspetiva de inclusĆ£o, a maioria das crianƧas e jovens com deficiĆŖncia tĆŖm sido integradas no ensino regular e, nesse sentido, Ć© de todo importante realƧar a necessidade de apoio que permita uma participação efetiva dos mesmos no contexto escolar, orientando as suas atividades e integrando-as da forma mais completa possĆ­vel (Loukas, 2007; Mu, Gabriel Franck, & Konz, 2007). A literatura aponta para um papel fundamental da Terapia Ocupacional no que diz respeito Ć  escola inclusiva, cujo objetivo se foca em facilitar o envolvimento ativo dos jovens, tendo em conta que estes experimentam as mudanƧas inerentes Ć  adolescĆŖncia que associadas ao processo de transição resultam num percurso difĆ­cil, principalmente para jovens com deficiĆŖncia (Loukas, 2007; Michaels & Orentlicher, 2004; J. Spencer, Emery, & Schneck, 2003). A Terapia Ocupacional assume um papel importante em todo o processo de envolvimento e na intervenção nas escolas, apoiando a transição e potenciando o desenvolvimento de competĆŖncias de desempenho (fĆ­sicas, cognitivas, emocionais e sociais), a adaptação de contextos e a participação efetiva da crianƧa ou jovem nas atividades educativas e na vida na comunidade (Conaboy et al., 2008b; Mu et al., 2007; K. C. Spencer & O'Daniel, 2005). Ɖ relevante o desenvolvimento e manutenção de hĆ”bitos e rotinas adequadas de forma a alcanƧar o sucesso escolar e a aprendizagem de estratĆ©gias para a vida na comunidade, bem como conseguir que o indivĆ­duo seja capaz de autodeterminar os seus projetos de vida para uma participação efetiva (Chambers et al., 2007; Conaboy et al., 2008a, 2008b; Poulsen et al., 2006). RealƧa-se que a Autodeterminação tem por base componentes como a autonomia comportamental, na qual o indivĆ­duo vai-se desenvolvendo no sentido da autoproteção e auto-orientação; o Empowerment Psicológico, em que se parte para a ação convicto de que se Ć© capaz de aplicar as competĆŖncias que sĆ£o exigidas para alcanƧar os resultados desejados; o autocontrolo e a autorrealização (Wehmeyer, 1998). Promover a Autodeterminação Ć©, sem dĆŗvida, um aspeto crucial dos projetos educativos dos alunos com DM (Agran & Wehmeyer, 2000; Black & Ornelles, 2001; Mancini & Coster, 2004; Wehmeyer, 1998; Wehmeyer & Schwartz, 1998), onde se enfatizam as competĆŖncias e a preparação para o emprego e para uma vida o mais independente possĆ­vel (Conaboy et al., 2008a, 2008b). Em Portugal, na legislação, vigora que as escolas que comportam o funcionamento do Ensino Especial devem contemplar os projetos educativos, visto que estes assumem importĆ¢ncia tanto para os alunos integrados que deles beneficiam, como para toda a comunidade educativa. Deve-se documentar a avaliação dos alunos e as respostas educativas especĆ­ficas para cada caso, promovendo a aprendizagem, a capacitação e a aquisição de competĆŖncias para a inserção comunitĆ”ria (por exemplo a nĆ­vel laboral), tendo em conta o projeto de vida do aluno em questĆ£o (Chambers et al., 2007; Michaels & Orentlicher, 2004; Williams-Diehm & Lynch, 2007). O envolvimento da crianƧa ou jovem e da sua famĆ­lia como membros da equipa em todo o processo de transição Ć© um aspeto valioso (Wehmeyer, 1998; Wehmeyer & Schwartz, 1998).De forma a compreender a vantagem da Autodeterminação para o sucesso destes alunos, em contexto escolar e na vida adulta, Ć© pertinente referir os Programas Individuais de Transição (PIT) (Fingles, Hinkle, & Van Horn, 2004). Estes surgem da necessidade de incluir as pessoas com deficiĆŖncia, visando a mĆ”xima independĆŖncia, o envolvimento a nĆ­vel comunitĆ”rio e a manutenção e criação de relaƧƵes pessoais e sociais (Black & Ornelles, 2001; Fingles et al., 2004; Sitlington, 1996; Wehmeyer, Garner, Yeager, & Lawrence, 2006). Aos PIT estĆ” fortemente aliada a Autodeterminação para promover a participação dos jovens em todo o processo. Alguns estudos revelam que jovens mais autodeterminados colaboram continuamente nas reuniƵes de planeamento e fundamentam as questƵes que sĆ£o do seu interesse (Sitlington, 1996). Neste momento, permanece ainda incerto atĆ© que ponto a inclusĆ£o escolar dos jovens com Necessidades Educativas Especiais (NEE) em Portugal se encontra a promover a sua Autodeterminação. De facto, sĆ£o poucos os estudos que indicam atĆ© que ponto os PIT’s estĆ£o concebidos para o estabelecimento de uma Autodeterminação elevada nestes jovens. Foi nesse sentido que realizamos um estudo de desenho observacional descritivo, com os objetivos de analisar o nĆ­vel de Autodeterminação de jovens que frequentam o 2Āŗ e 3Āŗ ciclos do ensino bĆ”sico e secundĆ”rio sinalizados como tendo NEE e de comparar os nĆ­veis de Autodeterminação entre um grupo de jovens com NEE e um grupo de jovens sem NEE.por
dc.identifier.urihttp://hdl.handle.net/10400.22/1969
dc.language.isoporpor
dc.peerreviewedyespor
dc.publisherInstituto Politécnico do Porto. Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Portopor
dc.titleA autodeterminação de jovens com necessidades educativas especiaispor
dc.typejournal article
dspace.entity.typePublication
rcaap.rightsopenAccesspor
rcaap.typearticlepor

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