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- Práticas de cenografia sustentávelPublication . Maia, HelderVivemos num mundo assimétrico e de escassos recursos. A produção cultural tem um papel determinante nas nossas sociedades como gerador de conhecimento e responsável para o equilíbrio entre os povos. A sustentabilidade é um conceito sistémico que se baseia no equilíbrio dos aspetos económicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Vulgarmente vemos este termo associado a princípios meramente economicistas, mas na sua essência estão aspetos rigorosos de ponderação entre as necessidades e os recursos, onde o equilíbrio, a gestão e a equidade são o primordial. A arte e o teatro não estão e nunca estiveram longe disso. As questões ambientais têm vindo a ganhar protagonismo no panorama global, potenciando o despertar de consciências, mas apesar do seu impacto social, os recursos disponíveis para a cultura e para a arte, de um modo geral, são muito escassos e representam percentagens de PIB muito pouco relevantes. No entanto, é lícito que se faça um esforço conjunto, com os demais sectores de atividade por pensar melhor o uso de recursos e perceber de que forma podemos contribuir no esforço do equilíbrio sustentável das nossas atividades baseando as decisões no conhecimento produzido e não na mediatização do problema. Em Portugal, assim como em outros países europeus, as políticas de programação têm vindo a ceder à fugacidade dos mercados, originando projetos com carreiras de espetáculo de muito curta duração, com implicações obvias na utilização de recursos. Mas também existe um conjunto de países que persiste em criar regras específicas para a atividades dos teatros, urge perceber como são feitas essas abordagens, o impacto que têm sobre a criação e como podemos tentar implementar esses princípios nos nossos espaços de trabalho. A Eco-cenografia é um termo que tem sido usado como forma de valorizar o questionamento eco da nossa atividade, atividade essa que por força das necessidades tem impacto quer no uso de recursos quer no seu desperdício, aspetos a que estamos sensíveis. Tenho dúvidas que a mudança seja de fora para dentro e que determine as linguagens e que isso, só por si, venha a impor uma perspetiva ecológica na cenografia, por outro lado, não me parece que essa preocupação com a afetação de recursos possa pôr em causa os princípios de criação e torne verdes todos os palcos, mas sim que se estude persistentemente metodologias e práticas de trabalho que nos façam enfrentar melhor os desafios. Seja dentro dos teatros ou noutros contextos, a cenografia figura, hoje, como situação capaz de forjar novas conexões entre visualidade e espácio-materialidades. Ciente do papel determinante que cada um de nós tem no encontrar de soluções para a sua atividade, proponho trazer um conjunto de preposições como, redução de recursos, construção eco, reutilização sem desperdício, modularidade, eficiência, materiais e o seu impacto ambiental, biomateriais, aspetos que nos poderão ajudar a lidar com o tema das práticas de cenografia sustentável.
- Cenografia em campo expandido: práticas artísticas e terminologias em debatePublication . Maia, HelderNesta apresentação procurarei expor alguns elementos que nos ajudam a caracterizar a cenografia como prática artística que, pela sua herança das práticas de palco (stagecrafts) se afirma como uma arte de criação coletiva, material e socialmente implicada. A diversidade deste campo disciplinar, corroborada pela história, não nos permite centrar a discussão no âmbito das terminologias, antes nos obriga a uma forte reflexão sobre práticas e métodos. A performatividade tem sido uns dos assuntos centrais na evolução dos conceitos. Perante a vertigem da imediatez, alguns autores têm procurado estabelecer relações entre a cenografia e a performance design, procurando recentrar as discussões sobre cenografia, o seu caracter expositivo e de curadoria, aspeto em relação ao qual sou crítico. As abordagens contemporâneas colocam a cenografia e uma boa parte da sua expressão num campo híbrido e interdisciplinar que, de uma forma positiva alarga o seu campo de trabalho e reflexão, atraindo novos pensadores para as questões da espacialidade nas artes. Sabendo do valor desta abertura, não podemos ficar indiferentes ao interesse que alguns assuntos têm tido entre a comunidade académica. Por outro lado, percebemos que a abrangência e expansão do campo de discussão também nos coloca numa zona cinzenta de dispersão de referências, principalmente do ponto de vista das metodologias e das práticas artísticas. O que norteia a minha intervenção não é a defesa da práxis como contraponto às propostas desenvolvidas, antes a procura de uma noção de equilíbrio, assumindo o interesse de uma Practice based or led research, que nos situe e nos ajude a enfrentar o futuro sem reservas e preconceitos, mas também sem fronteiras, valorizando o campo frutuoso de debate no qual participamos hoje.
- Cenário - matéria vivaPublication . Maia, HelderA Cenografia situa-se contemporaneamente num espaço de cruzamento implicado com a artes vivas. Recuperamos o conceito de Adolphe Appia, para uma “Obra de arte viva”, enunciando uma elipse temporal de exploração de uma vertente da arte implicada e relacional. A esta condição de ser “Vivo” na arte, temos hoje de somar um conjunto de significações várias que de alguma forma se relacionam com o nosso campo de trabalho: falo de participação, implicação, cidadania, interação, enunciado numa necessidade de ter voz, tomar partido e arriscar soluções. A exploração dos conceitos de lugar, espaço público de interação e de intervenção enuncia ações artísticas em contexto que importa valorizar e aprofundar.