ESMAD - Departamento de Artes da Imagem
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Browsing ESMAD - Departamento de Artes da Imagem by Field of Science and Technology (FOS) "Humanidades::Artes"
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- Cinema documental, realizador e personagem enquanto enigmaPublication . Baptista, Adriana; Seixas, Alberto; Fontoura, PriscilaNo cinema documental pode fundir-se o papel do realizador e do personagem. Com base na realização contemporânea de três documentários propomo-nos discutir funções, estatuto e papéis dos personagens no cinema documental. São várias as situações (nas quais destacamos a biografia, a autobiografia e o testemunho do acontecimento), onde o personagem principal eventualmente se esconde atrás da voz do narrador, ou seja, onde o realizador atua, conferindo ao narrador um papel distante do ator e próximo do conhecedor interveniente. Num primeiro momento, o narrador assume ser ator social, como se negasse a representação. Todavia, fica claro, frequentemente, que ao misturar-se o realizador com o personagem (cf. tipologia de Bezerra), ao tentar ser o principal personagem, o narrador, sendo comandado pelo realizador (presença, voz on e off-line, duração da presença, componente narrativa (expositiva, descritiva), argumentativa, opinativa, neutral) é também personagem. A nomeação que qualquer tipologia possa atribuir ao personagem (podendo ser ator ou actante), aborda a designação como um rótulo de papeis dentro do filme e contribui para a função do filme entre a divulgação e a transformação: o personagem herói, o personagem vítima, o personagem protagonista, o personagem ícone, ... Tal como nas narrativas literárias, o personagem do documentário pode ser o personagem central, assumindo ser plano ou redondo e quando redondo podemos atribuir ao realizador ou ao próprio personagem a capacidade de nos surpreender, mesmo que este personagem seja o maior testemunho do acontecimento desconhecido ou imprevisível. Segundo Bezerra não existe um grau zero entre personagem e pessoa. Se pretendermos retirar-lhe o papel de ator continuará sendo um performer ou, enquanto realizador, manter-se-á sempre como um não-performer? Nos três documentários em debate, num deles o realizador busca, escondido num personagem enigma, a sua autobiografia na biografia do seu nome, num outro, a realizadora na biografia da família, faz-se personagem biografada, num outro, a realização ganha a voz de um personagem que decide o que pode ser dito e visto sobre o protagonista e em cada um pretende-se demonstrar a dificuldade de fugir à interseção de papeis, funções e estatutos.
- Fotografia confinadaPublication . Monteiro, Lucília; Baptista, AdrianaLucília Monteiro vive dentro e fora do fotojornalismo. Impõe-se chegar, estar, ficar onde tudo acontece. Como fotógrafa, tem uma forma de fixar que ultrapassa a ação de captar para mostrar.
- A fotografia enquanto uma nova molécula do ADN genéticoPublication . Baptista, Adriana; Oliveira, FelíciaPartindo de um projeto de fotografia sobre os documentos/objetos que a Roda do Porto designa como os Sinais da Roda, pretendemos discutir a forma como a produção fotográfica, partindo do arquivo e do registo, pode criar uma nova realidade de retrato biográfico de onde a personagem está ausente e onde a estrutura rizomática da genealogia se mostra como um dado inequívoco de que o que se vê ultrapassa o que se mostra. Assumimos que o fotógrafo tem a capacidade de dar uma nova vida aos sinais que repousam no arquivo, criando uma genealogia emocional. Falando da fotografia como registo e como documento, Miriam Manini afirma que o caminho para a informação, necessita da contextualização sem a qual a informação não fará sentido, mas “o contexto aciona toda uma rede semântica que vai conectar outros fios em sua malha para produzir mais alcance do conhecimento assim obtido.” Ora, esta malha de contextualização na leitura visual, sem a seleção pelo produtor de imagens e pelo seu leitor do que se quer que se veja e do que se quer ver e não do que se mostra, pois tal como Manini diz “qualquer detalhe que se privilegie terá uma série de seus pares preteridos, já que qualquer indexação é seleção.” Sabendo o quanto a fotografia de arquivo, pretende superar a iminente ação do tempo na durabilidade do documento arqueológico, apondo o hoje ao ontem, podemos afirmar que a fotografia do documento arquivado também pode trazer uma luz diversa do hoje valorizando mais o índice (que quem a vê escolhe para pensar na genealogia de quem mostra) do que o próprio documento? Sabendo o quanto a fotografia pode registar o objeto tal como é, podemos acreditar que mesmo fazendo-o, trabalhando sobre a materialização pela topicalização de um detalhe, aumenta a capacidade de pensar sem tocar? Trabalhando a fotografia sobre objetos catalogados e indexados a partir dos dados genealógicos da peça disponíveis, pode a fotografia aumentar o seu valor real, paratextual e histórico.
- Imagens do Real Imaginado : 20 anos = 20 years. Vol. A e BPublication . Instituto Politécnico do Porto. Escola Superior de Media Artes e Design; Silva, Olívia Marques da
- Os Mercadores do Gelo e a infinitudePublication . Baptista, AdrianaPermito-me escrever sobre o filme de João Gonzalez desviando-me da análise da sua riqueza técnica. Impus-me começar por afirmar que Os Mercadores do Gelo, na sua densa beleza, não abre a porta à inequivocidade das respostas, nem fecha a porta à eternidade das dúvidas e que tal poder faz parte da sua beleza.
- Produção de elipses e hipérboles na biografia cinematográficaPublication . Fontoura, Ana Priscila; Baptista, Adriana; Martins, Filipe; Morais, AntónioNa construção da biografia (vida escrita), a genealogia, frequentemente suportada por razões históricas e políticas, enquanto ciência, valoriza a investigação, para a produção de uma árvore híper-informativa, representando alegoricamente a família, com lacunas eventuais por carência de informação, no entanto, o texto literário, suportado pela apresentação icónica do real ou da ficção, valoriza para a biografia a retórica verbal capaz de desenhar o clímax (marcado por causas e consequências) e o segredo (marcado pelo tabu, ou pela ocultação, dissimulação ou disfarce).
- A sequência de fotos no vídeo documental e a receção de tempo e silêncioPublication . Baptista, Adriana; Mattos, Marcelo Oliveira deUma vez que a fotografia tem a capacidade de imobilizar o sujeito fotografado no tempo, é-lhe sistematicamente atribuído o poder de matar e de ressuscitar. Sabendo que a realização do vídeo documental se suporta, frequentemente, na imagem fotografada, ainda que esta não busque o movimento iminente dos sujeitos ou dos objetos, mas a fugacidade do instante prévio, síncrono ou póstumo ao acontecimento, considerámo-la capaz de captar, para além do sucedido, a fugaz imagem especular da alma do sujeito ou do objeto. As mãos e os olhos dos sujeitos são frequentemente produtores de expressões sinérgicas, capazes de falar retoricamente e agarrar o poder de construir o conhecimento do mundo através da legibilidade do silêncio. Neste trabalho, pretendemos sistematizar os objetivos que o cinema, suportado em fotografias com voz pós-síncrona, pode cumprir através da manipulação do silêncio, do ruído coerente e incoerente com a imagem e da voz-off e analisar a gestão da voz pós-síncrona enquanto estratégia retórica disponível para as ‘sound-bridges’ entre as fotografias e a instrução verbal mandatória sobre o processamento visual das imagens fixas. Escolhemos as masseiras, um terreno agrícola escavado abaixo da linha do horizonte, fugitivo do vento e do sal do mar e, nesta perspetiva, propomos a realização de um documentário sobre as masseiras, suportado pela fotografia fixa e pelo som síncrono entre a imagem parada no tempo e a voz e o vento que recuperaram a vida, trazendo através da sequência cinematográfica e do som não a ação, mas o tempo.
- Trabalhos de Casa: Manuela Bronze [Texto para o Catálogo da Exposição]Publication . Baptista, AdrianaFoulcault, na sua obra L'archéologie du savoir discute como se constrói a história através da capacidade de reconto do acontecimento estruturada em múltiplos enunciados, capazes de interligar conceitos. Analisa os enunciados no âmbito das relações que estabelecem entre si dando corpo ao discurso, sem negligenciar nenhuma forma de descontinuidade, de corte, de fonteira ou de limite que o recurso aos diferentes conceitos ajuda a construir. Desenvolvendo uma complexa e inovadora teoria sobre a diversidade de enunciados naquilo a que chama uma “população discursiva", Foucault questiona-se sobre onde é possível encontrar a unidade discursiva. Para tal, não impõe a coerência dos conceitos, mas a sua emergência simultânea ou sucessiva, que reduz a distância que os separa ou a sua incompatibilidade.