Browsing by Author "Ribeiro, Carla Patricia"
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- Da arte rústica à arte nacional: o Museu de Arte PopularPublication . Ribeiro, Carla PatriciaA elaboração identitária realizada durante o Estado Novo, através de António Ferro, diretor do Secretariado de Propaganda Nacional, centrou-se na procura de elementos diferenciadores. Neste sentido, a cultura popular e, em particular, a arte rústica, revelaram-se elementos fundamentais na definição de cultura e de nação portuguesa. Em julho de 1948 era inaugurado, na zona de Belém, o Museu de Arte Popular (MAP), iniciativa de Ferro e o corolário de um programa estatal em torno do património demótico e do passado, que vinha sendo trabalhado desde 1935 pelo Secretariado. O MAP apresentava-se como um híbrido, um lugar onde se podiam encontrar objetos tradicionais em convivência com estilizações modernistas de elementos populares, apresentando uma arte decorativa nacional sustentada na arte popular. Este artigo procura entender o papel do MAP na propagandística do regime sobre as questões da identidade nacional, averiguando os propósitos da sua criação e que ideias de Povo e de Nação transmitiu. Para tal, a metodologia de trabalho adotada teve por base a análise da documentação relativa ao MAP do fundo do SNI no arquivo da Torre do Tombo, tendo-se recorrido igualmente a fontes hemerográficas (imprensa diária e publicações periódicas), que permitiram compreender como foram recebidas as representações imagéticas fomentadas pelo Secretariado, através do MAP. Assumindo como hipótese de trabalho que o MAP nunca foi verdadeiramente um museu, nem verdadeiramente pretendeu sê-lo, crê-se que a resposta a algumas das interrogações levantadas permitirá compreender até que ponto o MAP foi (mais) um instrumento de (re)criação identitária da Nação.
- A educação estética da Nação e a “Campanha do Bom Gosto” de António Ferro (1940-1949)Publication . Ribeiro, Carla PatriciaA “Campanha do Bom Gosto” foi colocada em marcha por António Ferro, director do Secretariado de Propaganda Nacional, em 1940, no seguimento das Comemorações Centenárias então realizadas, constituindo uma iniciativa cultural cujo propósito assumido era o de criar uma consciência estética entre os portugueses. Abarcando intervenções e iniciativas muito diversas, procurou instituir um modelo estético que criasse uma fachada para a Nação, apresentando-a como um país civilizado, por oposição a um país de revoluções, simultaneamente moderno e tradicional. Este artigo procura analisar essa campanha, fruto de um contexto político autoritário e ditatorial, o Estado Novo, saber quais as suas origens, formatos e intenções e descobrir que marcas deixou no Portugal democrático do século XXI e na sua identidade.
- Memórias da Escola Normal do Porto: o seu arquivo e espólioPublication . Ribeiro, Carla Patricia; Maia, Cristina; Barros, AmândioEste estudo pretende revelar alguns aspectos marcantes da evolução da Escola Normal do Porto, desde a sua fundação em 1882. Instituição de referência no sistema de Ensino português desde finais do século XIX, a Escola Normal do Porto legou-nos um espólio documental de grande riqueza, essencial para a percepção das suas fases evolutivas e, no limite, da sua transformação em instituição de ensino superior, bem como do seu próprio papel na estrutura de ensino nacional. Esta comunicação parte de um trabalho de organização do arquivo histórico da Escola Normal, realizado no âmbito de projecto de investigação que actualmente se desenvolve na Escola Superior de Educação do Porto, envolvendo docentes, bolseiros, estagiários e investigadores, numa plataforma colaborativa. Distribuída por várias áreas temáticas, como seria de esperar de um arquivo com duração centenária, a documentação revela facetas interessantes e importantes que enquadram a linha de investigação em que esta comunicação se integra: cultura, património, educação e construção de identidades no âmbito da Educação e do Ensino. Começando por uma breve apresentação do trabalho realizado até ao momento, a nossa investigação tentará abordar questões-chave nestes domínios, procurando reflectir sobre temas que nos parecem essenciais nesta temática abordando o que cada uma das diferentes tipologias documentais tem para nos oferecer. Considerando as diferentes áreas cobertas pelo arquivo, este estudo compreenderá abordagens sumárias à questão dos agentes educacionais, designadamente professores e estudantes, a cultura material escolar e os espaços escolares (sua distribuição, organização e finalidade educativa), a gestão financeira da instituição e as relações estabelecidas entre a instituição e os organismos de poder (central, regional e local), bem como com outras instituições educativas, neste caso privilegiando a perspectiva comparativa, que nos parece essencial para a total apreensão do fenómeno educacional português.
- Turismo ferroviário em Portugal nos anos de 1930Publication . Ribeiro, Carla PatriciaO advento da contemporaneidade no mundo ocidental tornou indiscutível a importância do turismo, desde logo objeto de atenção política. Portugal comungou deste fenómeno, através de um investimento no turismo interno conseguido, em grande parte, graças aos caminhos-de-ferro, o que permitiu alargar a rede de potenciais turistas nacionais. Este artigo, de natureza teórica e histórica, centra-se em duas iniciativas de incentivo às viagens ferroviárias turísticas no período de 1930 – os comboios mistério e os expressos populares – recorrendo-se para tal ao estudo de caso. Analisando as suas origens, formatos e intenções, defende-se a tese de que os exemplos estudados constituíram parte integrante de uma política de identificação da população com os projetos político-ideológicos de Nação veiculados pela I República e pelo Estado Novo.
- Turismo no Estado Novo português: o papel do demótico e do Secretariado de Propaganda NacionalPublication . Ribeiro, Carla PatriciaEsta comunicação explora as ligações entre Turismo e Nacionalismo, assumindo o primeiro como parte integrante de uma política de (re)construção identitária empreendida pelo Estado Novo português, através do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN). Desde finais do século XIX e inícios do século XX que o turismo se tornou, entre nós, assunto de vivo interesse e aceso debate. Em particular, desde cedo que a necessidade de um comando superior e único, que caberia ao Estado, se impunha. Após a implantação da República, o setor foi nacionalizado mas só em 1939 se providenciou a passagem das competências em matéria de turismo para o SPN, organismo sob a dependência direta da Presidência do Conselho. Sob esta tutela, o setor do turismo tornou-se parte integrante da campanha de reaportuguesamento de Portugal então empreendida, arma de propaganda político-ideológica, instrumento privilegiado para o reconhecimento internacional do regime e estratégia de inclusão dos cidadãos nos ideais e princípios do regime. Considerava-se que Portugal, país de turismo, deveria apresentar um modelo turístico de acordo com a singularidade nacional. Para tal, mobilizou-se o demótico, encarado como o substrato sobre o qual repousava a identidade nacional. Desta forma, os costumes e as tradições populares, envolvidos numa estética de raiz modernista, permitiram o congelamento e a recriação de uma nação simples, harmónica, solidária, de tradições imutáveis.