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O Primeiro Toque: Palco Jovem

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Em Junho de 2006 fui convidado a dirigir um pequeno curso de Expressão Dramática nas instalações do INATEL de Coimbra, promovido pela Fundação Pires Negrão de Cantanhede. Estava longe de imaginar que este seria o primeiro de muitos encontros com um grupo de pessoas extraordinárias que foram o grande alicerce deste projecto. De facto, foram eles os verdadeiros impulsionadores desta aventura. Os professores, pais e alunos das escolas que se associaram a esta fundação sem qualquer interesse a não ser o de conhecer e praticar a arte do teatro, ajudaram-me a redescobrir cenicamente, juntamente com um excepcional grupo de profissionais da área, o belo drama de Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Se bem que o propósito inicial fosse o de montar um espectáculo no final do projecto a partir desta belíssima obra, penso que sem o entusiasmo deste grupo de aprendizes jamais teria conseguido o resultado artístico que se obteve no final. Assim, depois de vários fins-de-semana passados a exercitar o jogo dramático, na sua vertente meramente pedagógica, com pessoas que descobriam em cada sessão da formação uma maneira intensa, viva, de estar e comunicar com os outros, apercebime que havia vontade de continuar. Foi o actor Jorge Mota, organizador do curso e um dos professores da Fundação que me aliciou para um trabalho que desse uma consequência a esta formação. Foi a ele que propus então este projecto que já tinha tido algumas apreciações positivas por parte de outras entidades, como o Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional São João, a companhia de teatro O Teatrão, de Coimbra, ou a Escola Superior de Educação de Coimbra. Com o Jorge Mota, e depois com a actriz bailarina Marta Nunes, estabeleci com a direcção da Fundação, nomeadamente com o seu director, Dr. Pires Negrão, em Dezembro de 2006, um plano de trabalho que previa a estruturação de um projecto artístico e pedagógico, relacionado com as artes performativas. Esta terminologia pomposa traduziu-se rapidamente numa série infindável de parcerias que deram origem a uma verdadeira festa do teatro, da dança e da música. Esta festa prolongou-se no tempo e deixou um rasto fácil de encontrar actualmente, de cada vez que entramos em qualquer uma das escolas que estiveram envolvidas neste evento, ou nos locais onde o projecto excedeu o eco popular (ver nos anexos o DVD 1 com o trailer do documentário que foi realizado entre Janeiro e Abril de 2007). A proposta era ambiciosa. Pegar num clássico, relê-lo, juntar três escolas secundárias e uma escola superior ligada as artes plásticas e criar, durante seis meses, com uma equipa de profissionais, um espectáculo que ultrapassaria a fronteira do palco convencional. O que queríamos era envolver toda uma comunidade na feitura de uma peça de teatro. Mas não só! Queriamos ir mais além! O nosso objectivo era o O PRIMEIRO TOQUE - PALCO JOVEM CRIAÇÃO 5 DIRECÇÃO MARCANTONIO DEL CARLO de intervirmos artisticamente junto de uma comunidade receptiva, mas que desconhecia os meandros de uma arte muitas vezes mal entendida. Foi na escola, e em tudo o que ela representa na formação de todos nós, que eu e uma pequena equipa de profissionais assumimos o nosso papel de intérpretes de uma outra pedagogia que aliasse o útil ao agradável. Ou seja, a partir de um contexto comum decidimos em conjunto desenhar uma estratégia que trouxesse o teatro às pessoas e não o contrário. O pai, o filho, o aluno, o professor e a cidade iriam ser cúmplices, autores, do que seria criado num palco oficial e comum a todos. Como? Primeiro todo o acto criativo ia ser descoberto no seio da comunidade: na escola, na rua e em casa. O tal palco de todos, a sala nobre e as luzes da ribalta, surgiriam no fim como a cereja em cima do bolo. O bolo seria confeccionado por todos. A cereja viria depois com as centenas de pessoas que nos iriam aplaudir ou talvez apupar. Felizmente para nós não houve apupos e a energia das palmas que recebemos feznos acreditar num teatro popular, que o é na essência de quem o faz, convictos de que a verdade artística pode ser aquela que nós quisermos. Temos é de acreditar nela. Não foi fácil juntar centenas de alunos, pais, professores, conselhos executivos, juntas de freguesia, câmaras municipais e todos os outros intervenientes num projecto com esta dimensão. O mérito da procura de um equilíbrio, face às muitas e constantes adversidades que o projecto teve de enfrentar, não foi só meu, deveu-se igualmente à inspiração do cenógrafo Eurico Lopes, à dedicação da Marta Nunes e ao seu saber enquanto formadora, ao talento dos alunos de música do professor Nora, da escola Pedro Teixeira de Cantanhede, à disponibilidade dos actores (profissionais e amadores), e à visão da Virgínia Esteves, que dá sempre “luz” às minhas encenações. Em todos nasceu o desejo de repetirmos esta experiência noutro lugar deste país. O texto será outro, sem dúvida, mas o contexto será sempre o mesmo: viver com uma comunidade um momento artístico único na forma e enriquecedor no conteúdo.

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