ISCAP - DM - Tradução e Interpretação Especializadas
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O Mestrado em Tradução e Interpretação Especializadas (MTIE) teve a sua primeira edição em 2007/08 e, desde então, tem vindo a desenvolver-se com assinalável sucesso. As aulas são leccionadas em ambiente laboratorial tecnologicamente avançado, com recurso às ferramentas de tradução assistida e automática, de localização de software e de interpretação mais utilizadas no mercado português e internacional.
A componente curricular, em horário pós-laboral, é constituida por três semestres, seguidos de um semestre de elaboração de Dissertação ou realização de um Trabalho de Projecto ou Estágio Profissional. O curso alia a Interpretação (incluindo Interpretação Remota, de Acompanhamento, de Conferência e de Teleconferência) à Tradução, à Localização, à Legendagem, à Gestão de Projectos de Tradução e às Metodologias da Investigação, o que o torna um exemplo único no panorama nacional. Proporciona ainda formação em Tradução Literária, Jurídica e Económica, por docentes altamente qualificados, em Inglês, Alemão, Francês, Espanhol e Russo.
O MTIE colabora em projectos de tradução/legendagem da ESMAE; estabeleceu um protocolo de mobilidade Erasmus com o Mestrado “Cultures et Sociétés d'Europe Centrale et Orientale” da Universidade de Paris Oeste, Nanterre La Défense; e participa de um projecto TEMPUS, com parceiros da Geórgia, Arménia, Moldávia, França e Espanha. Os mestrandos beneficiam ainda de todas as oportunidades de mobilidade oferecidas pelo ISCAP.
O MTIE está associado ao Centro de Estudos Interculturais (www.iscap.ipp.pt/~cei), um centro de investigação formado por docentes do ISCAP e por investigadores nacionais e estrangeiros. O CEI é membro da ECREA e da SPACE e mantem colaboração com a Universidade Aberta, Universidade Nova de Lisboa, Universidad de Vigo, Universidad de Santiago de Compostela, Université Européenne de Bretagne, Universitatea Spiru Haret, Université du Franche-Comté, Université de Bourgogne e Universitat Autònoma de Barcelona. Os mestrandos beneficiam de todos os recursos e contactos do CEI. Anualmente é atribuido o Prémio CEI para o melhor trabalho final de MTIE na área da interculturalidade.
Ao longo dos anos, os mestres em Tradução e Interpretação Especializadas formados no ISCAP que revelaram notáveis capacidades de trabalho e investigação foram convidados a leccionar na instituição e a integrarem o CEI, enquanto junior researchers. É também de assinalar a publicação regular de ensaios e de traduções individuais e colectivas da autoria de mestrandos e mestres em Tradução e Interpretação Especializadas na Polissema - Revista de Letras do ISCAP.
Saídas Profissionais
- Tradutor;
- Interprete;
- Gestor de projetos de tradução;
- Localizador de projetos de tradução;
- Editor/revisor;
- Consultor linguístico.
Reconhecimento do Mestrado de TEI
Por Despacho de 08-06-2012 do Senhor Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, o Mestrado de Tradução e Interpretação Especializadas foi reconhecido para efeitos da progressão da carreira dos docentes da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. Assim, informa-se que foi deferido o pedido de reconhecimento para os grupos de recrutamento 210, 220, 320, 330, 340 e 350 do ensino básico, 2º e 3º ciclos, e do ensino secundário.
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- O aluno portador de deficiência: a paralisia cerebralPublication . Henriques, Andreia Patrícia; Lopes, Isabelle Tulekian de AzeredoO aluno portador de deficiência: a paralisia cerebral
- A tecnologia no ensino da interpretaçãoPublication . Duarte, Pedro; Costa, Susana de Noronha Nascimento Leão da CunhaO objectivo deste trabalho é apresentar o processo de introdução da Interpretação Remota e de Teleconferência como unidade curricular do Mestrado em Tradução e Interpretação Especializadas do ISCAP. A Interpretação Remota e de Teleconferência apresenta-se como uma nova modalidade de uma tarefa já de si exigente, onde a tecnologia representou desde sempre um papel importante enquanto meio essencial de transmissão de áudio de e para o intérprete. Contudo, a introdução de novas tecnologias, como a videoconferência, no mercado das comunicações levou a que o intérprete se deparasse com um outro tipo de mediação tecnológica que representa novas condições de trabalho. Com base em vários testes os profissionais da área da interpretação referem diversos problemas de carácter técnico (qualidade áudio/vídeo, visibilidade do espaço remoto), físico (irritações nos olhos, dores de pescoço) e psicológico (sentido de alienação, desmotivação) que obstam à realização de interpretação remota ou de teleconferência. Estes são o suporte de variadas objecções no que respeita à viabilidade da realização desta modalidade de interpretação. O mercado de trabalho, por seu turno, já oferece serviços de interpretação que utilizam estas novas tecnologias. Tal situação leva, necessariamente, a que as entidades formadoras tenham de reconsiderar a formação nesta modalidade específica da interpretação. Estas entidades deparam-se agora com uma nova geração de alunos cujas competências estão ainda a ser desenvolvidas, e cuja habituação ao trabalho com as tecnologias da comunicação tem características distintas das das gerações que os precederam. Tal facto implica uma mudança nas metodologias de ensino da interpretação, dada a sua índole essencialmente prática. A realização de sessões práticas representa uma grande percentagem do período lectivo do ensino de interpretação, o que justifica a importância das condições tecnológicas/laboratoriais criadas para a realização destas sessões. Procurou-se, aqui, fazer a apresentação das condições laboratoriais no ensino de Interpretação Remota e de Teleconferência em duas instituições: na ETI (Genéve), uma escola com vasta experiência no ensino e investigação na área da interpretação; e no ISCAP (Porto) que apresenta já uma experiência de 10 anos no ensino da interpretação e introduz agora a interpretação remota e de teleconferência como parte integrante do plano curricular de um curso de mestrado. Esta introdução levou à necessidade de uma adaptação/actualização das condições laboratoriais já existentes para que estas continuem a aproximar os alunos das condições que estes poderão ter de enfrentar como profissionais.
- Tradução, adaptação e legendagem de textos poéticosPublication . Nogueira, Manuel Fernando Aguiar da Silva Vieira; Almeida, Paula Alexandra Ramalho deA legendagem, sendo um modo de tradução audiovisual muito peculiar, implica verter um discurso oral, real ou ficcionado, para texto escrito. A primeira questão que nos colocamos é, como será isto exequível, sem se perder uma parte significativa do discurso oral: os elementos paralinguísticos? Depois, o que acontece nesta passagem da oralidade para a escrita? Haverá forma de contornar as perdas evidentes? Como ponto de partida para este projecto de legendagem, escolhemos dois filmes ainda não legendados em português, cujos argumentos, coincidentemente, também ainda não se encontravam traduzidos em português. Os filmes escolhidos foram Pull My Daisy e The Last Clean Shirt, documentos visuais da cultura da Beat Generation, movimento sediado nos Estados Unidos da América. A partir da tradução, adaptação e legendagem destas obras, procurámos, então, analisar as dificuldades levantadas pela tradução e introdução das marcas de oralidade existentes nos textos de partida, bem como as suas possibilidades de adaptação, tendo em conta as características do público-alvo e os constrangimentos impostos pela própria natureza deste modo de tradução. Procurou tomar-se em consideração também os problemas relacionados com a transferência da cultura da língua de partida para a língua de chegada. A legendagem destas duas curtas-metragens foi realizada através do programa de software SPOT. Depois de concluído, foi analisado todo o processo de tradução, adaptação e legendagem, considerando a necessidade de contextualizar os filmes a nível literário, artístico e cultural, bem como as decisões relativamente a alguns aspectos do resultado final da legendagem, nomeadamente no que respeita às dificuldades impostas pela transposição da oralidade para a escrita. O argumento de Pull My Daisy, nas palavras do autor Jack Kerouac, baseia-se no Acto III da peça “The Beat Generation”. Esta peça foi escrita em 1957, mas foi recentemente redescoberta em 2005, em forma manuscrita, num armazém de New Jersey. Na sua essência, este argumento consiste num improviso de Kerouac elaborado em voz off durante o filme realizado por Robert Frank e Alfred Leslie, em 1959. Desde então, ambos os realizadores desenvolveram as suas criações artísticas, tendo, por exemplo, Alfred Leslie estreado o seu trabalho mais recente, o vídeo The Cedar Bar no London Film Festival em 2002 e Robert Frank realizado vídeos para canções dos New Order, Run de 1989, e de Patti Smith, em 1996, para Summer Cannibals. A curta-metragem começa com um canção cuja letra é um excerto do poema Pull My Daisy de Allen Ginsberg e Jack Kerouac. Depois, Jack Kerouac representa e encarna com a sua própria voz cada uma das personagens do filme, enquadrando, descrevendo e comentando a acção. O argumento do filme é, assim, um exercício livre de improviso sobre as imagens montadas pelos realizadores. The Last Clean Shirt é um filme experimental de Alfred Leslie, realizado em 1964, cujas legendas originais incluídas no filme são textos do poeta americano Frank O’Hara. Este filme tem sempre o mesmo enquadramento de câmara, ao passo que a “acção” nos é sugerida pelo conteúdo das legendas que integram a obra. Isto é, se por um lado o cenário e os protagonistas do filme são os mesmos do início ao fim do filme, é o texto de O’Hara, associado ao momento da inserção dos segmentos no filme, que atrai ou distrai a atenção do espectador para uma viagem que pode ter vários destinos. Estas duas curtas-metragens constituem textos-limite que põem em evidência os desafios do processo de legendagem, graças às suas características muito especiais, enquanto obras de arte cinematográfica. Para além das dificuldades emergentes que todos os trabalhos de tradução envolvem, neste trabalho considerou-se essencial tentar tratar da melhor forma a estrutura poética livre e conferir significado suficiente e coeso no texto de chegada ao fluxo de pensamento exteriorizado no texto de partida, procurando, especialmente, não prejudicar a característica poética dos textos.
- A pluridiscursividade do textoPublication . Pereira, Sandra Paula da Costa Santos; Guimarães, Maria HelenaA tradução é um facto eminentemente cultural. Ela constitui uma necessidade decorrente do encontro de culturas. Por isso mesmo, e conforme irei tentar mostrar ao longo deste meu trabalho, qualquer exercício tradutivo coloca o agente tradutor em confronto não só com um texto, escrito numa língua que não é a sua, mas com um sem-número de outros elementos extralinguísticos que determinam as suas escolhas tradutivas. Nesta breve introdução, tentarei expor de uma forma o mais clara possível, tanto as motivações, isto é, os contextos pessoais, que determinaram tanto a escolha do objecto da minha investigação, como a selecção do corpus de análise, e os objectivos pretendidos com este trabalho.
- Guia de boas práticas em gestão de projectos de traduçãoPublication . Sousa, Teresa Alexandra Gonçalves de; Albuquerque, Alexandra Marina Nunes deNuma era em que a globalização obriga cada vez mais à comunicação internacional, a tradução parece ver crescer a sua importância de dia para dia. Com o mercado em constante mutação e flutuação, esta é uma área que requer mais competências da parte de quem pretende seguir tradução, à medida que as exigências vão aumentando e o leque de serviços associados a esta profissão se vai diversificando, desde a pesquisa e compilação de terminologia a trabalhos de formatação e DTP. A ideia do tradutor que trabalha isolado atrás de pilhas de dicionários já não faz parte do imaginário comum, tendo sido substituída pela de um profissional multifacetado e capaz de se adaptar a diferentes cenários, mantendo uma actualização constante das suas competências de modo a acompanhar a evolução a que se assiste actualmente. Dentro do referido leque de novas competências, vemos emergir a função do Gestor de projectos, já há muito conhecida em áreas como a Engenharia ou Informática, mas que se descobre ser capaz de adaptar a todas as áreas, já que praticamente qualquer actividade pode ser considerada um projecto, desde a construção de uma estátua ao planeamento de uma viagem e, claro, de um trabalho de tradução. A ideia deste projecto surgiu, assim, a partir do momento em que tomámos consciência da lacuna de informação existente sobre esta profissão: gestor de projectos de tradução. Assim, reunido um conjunto de experiências nesta área, pretendemos apresentar uma resenha de ideias e conhecimentos, sendo que o que o objectivo deste trabalho é apresentar uma perspectiva da actividade de Gestão de Projectos de Tradução. Deste modo, focamos o nosso estudo essencialmente na vertente empresarial, realidade com a qual temos mais contacto.
- O pluri-multi-linguismo no conexto actual europeuPublication . Anacleto-Matias, Tiago Nuno Martins Ferreira; Lopes, Dalila CerqueiraAplicando o provérbio eslovaco “aprende línguas e serás alguém”, pensamos que não há melhor expressão que este aforismo popular da Eslováquia, para definir a realidade em que todos os cidadãos do mundo se encontram e, em particular, os Europeus. Se não dominarmos outros idiomas para além da língua materna seremos considerados, muito em breve, tecnicamente iletrados. Esta tese vai abordar a temática das línguas oficiais na União Europeia e a dinâmica de algumas a nível europeu. Ademais, será abordada a perspectiva e o futuro das mesmas ao nível das Instituições Europeias, em especial da língua portuguesa. Para além desta referência, tentar-se-á decifrar também se na Europa há uma crescente preocupação para preservar a interpretação e a tradução de todas as línguas europeias, independentemente do número de cidadãos que as falam à escala europeia, ou se, pelo contrário, devido a preocupações financeiras, as línguas menos representativas começarão, num futuro próximo, a ser menos utilizadas no seio das Instituições Europeias. Tentaremos apresentar e defender que a tradução é o veículo principal para a defesa das línguas a nível europeu, para que na realidade o inglês não se torne cada vez mais a lingua franca não só numa perspectiva europeia como também mundial. Temos visto a tendência de as próprias Instituições Europeias (I. E.), nomeadamente a Comissão Europeia (C. E.), terem começado internamente a preterir as outras línguas a favor da língua inglesa. De seguida, será discutida a questão mais exclusiva da língua portuguesa, não apenas por ser um dos objectivos desta dissertação, mas principalmente porque continua a ser uma das línguas mais faladas no mundo em termos de números de falantes nativos. Veremos se devido à globalização o número reduzido de falantes nativos na Europa começará a incentivar a perda do poder estratégico do português no campo de acção europeu e até no mundo. Antes de terminar, será aflorado o porquê de a Comissão Europeia ter lançado um repto aos estabelecimentos de ensino dos 27 Estados-Membros, para começarem a preparar cada vez mais profissionais nas áreas das línguas, da tradução e da interpretação. No entanto, será que este desafio proposto pela Comissão Europeia funcionará se os países do espaço único europeu não começarem a tornar o ensino de línguas estrangeiras obrigatório desde o início da escolaridade de qualquer cidadão europeu? Estas e outras questões, tais como a questão do multilinguismo e a sua diferenciação de multiculturalidade como forma de preservação e de evolução da Europa neste século serão abordadas. O multilinguismo e a multiculturalidade são dois princípios essenciais e fundamentais na construção de uma Europa igualitária e plural, que já teve início no século passado, assim como fizeram sempre parte dos acordos capitais da Europa Unida e serão defendidas nesta exposição.
- A Profissão de guia-intérprete nas caves de vinho do PortoPublication . Caetano, DinaO presente estudo, inserido no projecto final do Mestrado em Tradução e Interpretação Especializadas, do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, intitulado “A profissão de Guia – Intérprete nas Caves de Vinho do Porto”, visa ser um modesto contributo para a análise e compreensão duma profissão que, tendo vindo, sobretudo nas últimas décadas, a ganhar um relevo crescente, é não raras vezes esquecida e social e economicamente votada a um certo menosprezo. De facto, se é verdade que estatisticamente o número de visitantes das Caves do Vinho do Porto tem aumentado de forma exponencial, sendo estimado em cerca de 700 mil visitantes por ano, e se, paralelamente, tem também aumentado o número de Guias -Intérpretes contratados para responder às exigências crescentes do mercado, a profissão continua a ser desconhecida e pouco considerada socialmente. A formação académica da autora, licenciada em Tradução e Interpretação Especializadas pelo ISCAP e a frequentar o referido Mestrado, bem como a sua situação profissional, integrando, desde 2008, a empresa Croft, como Guia-Intérprete, justificam a escolha do tema. O gosto pela profissão que se iniciou com a frequência da disciplina de Interpretação de Acompanhamento, uma das novas unidades curriculares que integram o Mestrado, bem como o facto de se tratar de um tema ainda inexplorado pelos estudantes de Tradução e Interpretação Especializadas do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, consolidaram ainda mais a ideia de que uma pesquisa e um estudo sobre esta profissão poderia revelar-se, de facto, num contributo importante. Quando ainda estava a frequentar as aulas de Mestrado, decidi enviar um curriculum vitae para as caves de vinho do Porto porque, para além de ser licenciada em Tradução e Interpretação e ter um bom conhecimento linguístico, pensei, na altura, que valeria a pena apostar num local turístico onde pudesse de facto praticar as línguas que domino, bem como apostar na interacção cultural, quanto mais não fosse para obter experiência profissional. No entanto, passados alguns meses no exercício da profissão, pude realmente constatar que, apesar do gosto em trabalhar como Guia Intérprete, vi nascer em mim uma paixão pela profissão e também pelo local em si: as Caves de Vinho do Porto.
- Preponderância do feminino na obra literária: The golden notebook: a análise como exercício de pré-traduçãoPublication . Cerqueira, Carina[…]Um francês é quem fala francês, e é inglês quem fala inglês (desde que seja dos Estados Unidos ou neozelandês ou indiano ou canadiano ou aviador ou corrector de câmbios).» Longe disso. Para os franceses uma nação define-se pelos seus contornos políticos, e não linguísticos. Inglês é quem é fiel ao English way of life e à democracia inglesa, seja ele inglês, galês ou japonês. Para ele, uma nação política não é uma comunidade providencial em que uma pessoa se limita a nascer, como é o caso de uma língua; é, antes, o resultado de uma união voluntária, como é o caso de um clube; podemos fazer parte dele se cumprirmos as regras do clube, ou seja, a constituição. Seremos assim definidos pela Língua que falamos? Seremos um fruto da história cultural do local onde nascemos? Seremos indivíduos independentes? E se sim, será a nível social e/ou a nível da língua que adoptamos? Ou teremos que considerar todas estas características unidas na formação da nossa identidade? Quando afirmamos que somos portugueses, que premissas nos levaram a tal conclusão? Terá sido a certidão de nascimento, a educação e a cultura que nos foram incutidas? Então porquê o fascínio pela cultura alheia? Enquanto leitores, o que queremos encontrar quando iniciamos a leitura de uma obra literária estrangeira? Ao seleccionarmos a obra, o tema, o autor, o país de origem, quereremos a adaptação cultural? Necessitamos da adaptação contextual e cultural da Língua de Partida à nossa cultura de chegada? E qual o papel da tradução, enquanto acção de transposição linguística e cultural? Se reflectirmos sobre estas questões, deparamo-nos, em primeiro lugar, com a dificuldade de definir os limites dos conceitos de Língua e Cultura. O tradutor parte dos conhecimentos linguísticos para se inteirar das características comunicativas específicas do texto em questão, mas esta comunicação não pode ser pensada sem o devido enquadramento cultural, que se concretiza em aspectos particulares: económicos, sociais, temporais, históricos e políticos. Os conceitos que o estudo do texto literário engloba requerem assim uma pesquisa mais abrangente, a completa inserção do tradutor nas diversas áreas que surgem ligadas ao texto a traduzir, implicando, por exemplo, estudar o segmento histórico em que o texto se enquadra. Por outro lado, a obra literária é identificada mediante o seu modo (lírico, narrativo, etc.) e o seu género (i.e. romance, poesia, etc.), inserida numa área especifica (como viagens, fantástico, etc.). Não é a obra literária que anseia enquanto texto apresentar-se com uma determinada definição. A forma de expressão e a forma como é apresentado o acontecimento ou evento que nela se encontra relatado indica-nos a nós, leitores, que se trata de um tipo de texto em particular, neste caso o literário. Na execução da tradução, tenta-se reproduzir no leitor da Língua de Chegada a mesma reacção que teve o leitor na Língua de Partida. Deveremos assim começar por responder a algumas questões: O que necessitamos de saber para compreendermos a obra? Do ponto de vista do tradutor, quais os elementos que não podem ficar excluídos? No caso concreto do The Golden Notebook, o trabalho inicial de pesquisa fornece ao tradutor uma série de pressuposições, ilações e conhecimentos úteis. A dissecação e a análise dos pormenores apresentados pelas personagens ao longo da história, tanto no free Women como nos notebooks, orientam o processo criativo do tradutor. Este elabora uma linha geral que caracteriza a personagem. Neste trabalho de análise, a contextualização é fundamental: para conseguirmos definir as características da personagem principal Anna Wulf, tornou-se peremptório constatar a relevância de temas culturais que explicam muitas das escolhas da autora. Temas como o comunismo, a luta feminista pela valorização da posição social da mulher ou a reflexão associada ao seu estado de divisão interna devem ser analisados à luz da época retratada. Esta obra emblemática inglesa The Golden Notebook, definida por muitos como a bíblia da luta feminina, é uma obra representativa do tumulto da época, mudança de pensamento que começa a despertar e verbalizar a importância do papel social feminino. Trata-se de um romance realista que retrata uma geração em constante mudança, referindo-se às alterações que caracterizam um segmento temporal da história social inglesa. Estas perguntas levaram a uma reflexão sobre a importância da análise da obra literária para o trabalho tradutivo. No caso específico do texto seleccionado, decidimos considerar sobretudo a personagem feminina principal, focalizando a sua personalidade dividida. Toda a obra está, aliás, focalizada nesta personagem, daí constituir o cerne deste trabalho. Contudo, para se poder proceder a esta análise, foi necessário definir o conceito de texto literário, atentando às características que fazem de um texto ser especificamente definido como literário. Dentro dos mesmos moldes, foi necessário entender o conceito de tradução literária, e a sua consequente distinção perante outros tipos de tradução. É neste aspecto que o texto literário se torna tão particular, comparativamente ao texto técnico. Apoiados nestes conceitos basilares, passámos à compreensão dos elementos textuais, extratextuais e paratextuais, enquanto enquadramento do texto em questão. Que importância adquire esta contextualização? Qual a consequência para a fluidez e coesão textual? Quais os elementos que necessitam de adaptação? Qual a relevância destes factores para a compreensão do texto? Consideramos, pois, que todos estes pontos devem ser analisados no trabalho prévio à tradução. Nesta dissertação, procurámos salientar a influência do enquadramento social, cultural e histórico no processo tradutivo, acentuando os aspectos que caracterizam as personagens e as ligações entre si. Se, enquanto leitores, pensarmos no nosso trajecto literário, claramente identificamos obras de autores estrangeiros lidas na nossa língua. Contudo, e na grande maioria da vezes, ao adquirirmos a obra não pensamos na problemática ou na existência do original, muito menos no tradutor e no seu trabalho de adaptação. Focalizamos o autor da obra, que sabemos ter uma nacionalidade estrangeira, as personagens, as cidades, porém a tarefa intermédia de adaptação cultural/tradução linguística fica inconscientemente inserida no processo, quase como uma fase invisível. Esta ligação transparente é no entanto o meio que possibilita o nosso entendimento e compreensão.
- Análise comparativa de duas traduções de Tropic of Cancer de Henry MillerPublication . Pinto, Maria EuláliaCom este trabalho pretende-se realizar um estudo comparativo de duas traduções para português da obra “Tropic of Cancer” de Henry Miller, originalmente escrita em inglês, reflectindo sobre a influência do contexto histórico, sociocultural e género do tradutor, analisando excertos da obra que evidenciam diferenças mais perceptíveis. As duas bases de trabalho, para além do original do livro, são a tradução de Fernanda Pinto Rodrigues em 1976 (Livros do Brasil) e a recentemente editada de Jorge Freire em 2008 (Editorial Presença). De forma a obter elementos suficientes que me permitissem elaborar um estudo completo e encorajante, a eleição desta obra como objecto de trabalho tem a ver com o seu carácter controverso, e de certa forma chocante dada a abordagem sexual explícita. Mas é sobretudo a crítica à sociedade puritana da época que surge diversas vezes sob a forma de humor e que obriga o leitor a desvendar nas entrelinhas a subtileza das suas intenções. Todas as particularidades de Tropic of Cancer fazem das suas traduções, numa perspectiva comparativa, um produto digno de análise, capaz de se tornar interessante e singular.