Browsing by Author "ROCHA, RICARDO JORGE FERREIRA DA"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Investigação de sinais eletrofisiológicos de processamento facial como biomarcadores na perturbação do espetro do autismo: Um estudo com arbaclofenoPublication . ROCHA, RICARDO JORGE FERREIRA DA; Coelho, Luís Filipe Martins Pinto; Castelhano, João Miguel Seabra; Pereira, Andreia Sofia CarvalhoA Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma condição do neurodesenvolvimento complexa, caracterizada por défices na comunicação social e padrões de comportamento restritos e repetitivos. Uma das hipóteses neurobiológicas centrais no autismo envolve alterações do equilíbrio excitação/inibição (E/I) cerebral, no sentido de maior excitação. Este estudo teve como objetivo avaliar o impacto do arbaclofeno, um agonista seletivo do recetor inibitório GABA-B (ácido gama-aminobutírico) e modulador do equilíbrio E/I em adultos (idades entre 19 e 52 anos) com e sem PEA durante uma tarefa de reconhecimento de faces. Para tal foram utilizados os componentes N170 e P100 de eletroencefalografia (EEG) como biomarcadores do processamento de informação facial. Foram analisados dados de EEG de 70 participantes (29 com PEA e 41 controlos) num desenho experimental duplamente cego, aleatorizado, cruzado e controlado por placebo. Cada participante foi exposto a administração de três condições farmacológicas (placebo, 15 mg e 30 mg de arbaclofeno) durante uma tarefa de decisão percetual de deteção de faces. O préprocessamento de sinais EEG foi automatizado, e os componentes P100 e N170 foram identificados e quantificados. Os dados foram posteriormente submetidos a análises estatísticas para investigar os efeitos do arbaclofeno nos marcadores eletrofisiológicos, e a modelos de classificação baseados em algoritmos de machine learning para avaliar o potencial discriminativo desses marcadores na diferenciação entre grupos diagnósticos e condições experimentais. As análises estatísticas revelaram que o arbaclofeno modulou a amplitude do P100 e N170 e a latência do N170, com efeitos dose-dependentes e assimetrias hemisféricas. Notavelmente, o fármaco prolongou a latência do N170 no hemisfério esquerdo exclusivamente no grupo de controlo, sugerindo uma resposta diferenciada no grupo com PEA. Contudo, os algoritmos de machine learning aplicados demonstraram capacidade discriminativa limitada para classificar participantes por grupo diagnóstico, dose farmacológica ou resposta comportamental. Os resultados indicam que, embora o arbaclofeno modifique as respostas eletrofisiológicas, a elevada variabilidade interindividual e a sobreposição de dados limitam a utilização dos componentes P100 e N170 como biomarcadores diagnósticos ou de resposta terapêutica isolados na PEA. No entanto, os efeitos observados, nomeadamente as alterações dependentes da dose e assimetrias hemisféricas, evidenciam a sensibilidade destes sinais eletrofisiológicos a modulações farmacológicas e à sua potencial utilização como ferramenta para investigar os mecanismos de ação de fármacos.
