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Duas décadas de investigação das causas de incêndios florestais em Portugal continental

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Numa sociedade em que os incêndios florestais constituem uma das principais manifestações de risco, o conhecimento das causas que lhes estão subjacentes é, no nosso entender, um conhecimento imprescindível para a delineação correta de estratégias preventivas e mitigadoras, como também, para a formação de cidadãos mais conscientes. Em Portugal Continental temos assistido a uma aposta crescente na determinação das fontes de ignição responsáveis pelos incêndios florestais que, desde 2006, é da estrita competência da Guarda Nacional Republicana (GNR). Essa determinação é fruto de uma minuciosa investigação que tem por base o método de evidências físicas, com base no qual os agentes procuram reconstituir o percurso do incêndio, a partir da avaliação dos padrões de comportamento do fogo, procurando localizar o respetivo ponto de início, o que nem sempre é fácil. De entre as fontes de ignição que estiveram na origem dos incêndios florestais ocorridos no território português, pretendem-se analisar aquelas que foram investigadas durante o período de 1996 a 2015, bem como a sua distribuição espacial e, ainda, a importância relativa que assumem em cada um dos distritos. Para a realização deste estudo, começámos por compilar os dados relativos aos incêndios florestais registados no período de 1996 a 2015, disponibilizados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Depois de reunidos, procedemos à respetiva análise, tendo-se começado por agrupar as ocorrências em função dos tipos de causa, considerando como: (i) atos negligentes, as causas identificadas como uso do fogo, acidentais e estruturais; (ii) atos intencionais, as causas classificadas como incendiarismo; (iii) naturais, as causas associadas às descargas elétricas com origem em trovoadas; (iv) desconhecidas, as causas cuja investigação foi inconclusiva; e (v) reacendimentos, embora não sejam uma causa inicial, mas pelas graves consequências que costumam acarretar, também merecem ser incluídos. Os resultados obtidos mostram que, nas últimas duas décadas, tem havido uma tendência crescente no número de incêndios florestais alvo de investigação, com particular ênfase, a partir de 2011, ano a partir do qual mais de 60% das situações ocorridas têm sido investigadas. Contudo, a nível nacional, o valor percentual que essas investigações assumiram nos últimos 20 anos é relativamente baixo, correspondendo apenas a 27,5% do total das ignições registadas. Das 131 167 ignições investigadas, 59% das causas que foram apuradas corresponderam a atos negligentes, tendo assumido um papel de destaque no distrito da Guarda onde, das 7 067 ocorrências investigadas nesse distrito, mais de metade (3 817, ou seja, 54%) resultaram de atos negligentes. Em contrapartida, no distrito de Viana do Castelo, ressaltou a importância dos atos intencionais, já que do total de ocorrências investigadas (11 558), 42% delas foram intencionais. Apesar do número de ignições investigadas ter sido relativamente baixo (27,5%), isso não significa que a área ardida resultante destas ignições seja negligenciável, uma vez que o seu valor percentual é muito significativo, pois corresponde a 63% da superfície total afetada pelos incêndios (2 405 177 ha). Deste modo, a realização deste estudo permite retirar conclusões sobre a incidência regional dos diferentes tipos de causa, que podem ter vários tipos de aplicações práticas. Ora, sendo predominantemente negligente na maior parte dos distritos, desde logo se justificará o desenvolvimento de programas educativos e, ao mesmo tempo, também programas especiais, em função das causas identificadas, dirigidos aos públicos-alvo específicos que são os causadores desses incêndios.

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Causalidade Incêndios florestais Atos negligentes

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